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A vez dos estádios vazios

A recente sugestão do presidente do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues, de que nos dias dos jogos os dirigentes assistissem às partidas no mesmo camarote, um ao lado do outro, para haver mais paz e harmonia no mundo do futebol ainda segue sem resposta. A ideia é que haja uma trégua na guerra entre os dois times mineiros e, segundo Rodrigues, essa, inclusive, já é uma prática na Europa.

Ao difundir o seu conceito, o dirigente celeste acrescentou que seria uma demonstração de civilidade por parte dos administradores dos clubes e também dos cartolas no mundo esportivo em geral, até porque, isso não interfere no resultado das partidas, ao mesmo tempo em que evitaria confronto entre torcidas, como se constatou nos últimos anos, especialmente, quando se trata de competições entre os dois maiores times: Cruzeiro e Atlético. Contudo, essas cenas desagradáveis também ocorrem nos maiores eventos do gênero em todo o país, onde a selvageria toma conta do ambiente que deveria ser de alegria e comemoração.

Em Minas e no Brasil, a bola começou a rolar nos gramados devido aos campeonatos regionais e nacionais. E, por razões relacionadas à pandemia do coronavírus, os certames aconteceram com os portões fechados e sem a presença de torcedores. Mas essa ausência constatada nas arquibancadas, pelo visto, não diminuiu a qualidade do espetáculo, mesmo porque, a maioria das competições foram transmitidas pelos canais de TV, assim como também por meio da internet.

A velha máxima que todo grande time para jogar bem e realizar um grande espetáculo necessita do apoio da multidão, não está sendo rememorado neste momento. E, para ir mais longe, o procedimento adotado pode inaugurar uma nova era no mundo do futebol, no qual se constata que torcidas organizadas não são fundamentais. Elas são responsáveis por possibilitar a presença de pessoas em todos os acontecimentos dos seus times preferidos, inclusive no exterior. Mas a essas organizações também são creditadas as denúncias de indivíduos infiltrados sem o menor espírito esportivo que estão muito mais inclinados para a marginalidade.

A tese do presidente do Cruzeiro de demonstrar o espírito de urbanidade no mundo esportivo, embora, por enquanto, sem apoio dos membros de outros grupos, deveria ser levado a sério. Especialmente depois desse teste iniciando no final de semestre, de bola rolando nos gramados independentemente do referido comparecimento do público. Essa atitude, inclusive, poderia ser inserida na percepção dos cientistas e influenciadores da cultural mundial de que a partir da COVID-19, o mundo precisa ser reinventado. A cena descrita por grande parte desses pensadores aconselha o caminho do “novo normal” na vida de todos, indubitavelmente isso atinge também o mundo esportivo.