Para trazer uma mensagem de simplicidade, reaproveitamento e mostrar que o espírito do Natal não está baseado apenas no consumismo, a Casa Fiat de Cultura inaugurou, na semana passada, um presépio feito apenas com material reciclado. Neste ano, no qual se comemora 5 anos da iniciativa, serão 6 cenografias natalinas sustentáveis feitas com plástico, papel, papelão, tetrapak, madeira e bambu.
Leo Piló, curador e coordenador do projeto, diz que os materiais que foram usados para a confecção do presépio possuem um significado. “O bambu representa esperança, o tetrapak simboliza a fé, o papel rememora a paz, o papelão é a família, o plástico significa caridade e a madeira é a humildade. Tudo isso foi pensado para que as pessoas lembrem do verdadeiro significado do período natalino, amor a vida, espiritualidade e comunhão”.
Piló conta que trabalhou a sua vida toda com material reciclável e que isso também é um ato de amor ao próximo. “Estamos vivendo em uma sociedade que é impossível consumir algo sem gerar resíduos. Antigamente, tomávamos um refrigerante e devolvíamos o vidro. Hoje, ele vira lixo”.
Além da sustentabilidade, outro aspecto marcante neste presépio é a coletividade. O público contribuiu na produção de peças e estruturas ao participarem das oficinas criativas. Realizadas entre os meses de outubro e novembro, as atividades foram coordenadas por Piló, que supervisionou o trabalho dos voluntários na confecção das mais de 5 mil peças que compõem as seis cenografias natalinas. Cerca de 250 pessoas participaram dos 50 encontros da fase de criação.
As dimensões e os aspectos definidos pelo curador espelham as múltiplas funções dos materiais escolhidos, promovem a reflexão sobre o descarte e a coleta seletiva de materiais, ao mesmo tempo que buscam oferecer um novo olhar a objetos comuns e, muitas vezes, banalizados. As instalações natalinas reverenciam: o bambu, o tetrapak, o papel, o papelão, o plástico e a madeira. A ambientação das instalações conta com composições do álbum “3 Brasis”, fruto do encontro musical entre Chico Lobo (viola caipira), Márcio Malard (violoncelo) e Paulo Sérgio (clarinete).
Para finalizar, o curador diz que esse presépio, e a forma como ele foi desenvolvido, retrata bem o que estamos precisando atualmente. “É necessário pensarmos mais no planeta e, ao construirmos esse projeto, trabalhamos com aspectos bem característicos do mineiro, como a preservação de uma tradição milenar com consciência ambiental”, conclui.