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Medicamento é o principal agente que causa intoxicação em pessoas

Como a grande maioria faz, o publicitário Lúcio Carvalho, 30, sempre que sentia uma dorzinha, logo ia farmácia procurar algum remédio para solucionar o problema. Ele sempre apostava em medicamentos que não precisavam de receitas. “Detesto passar mal e tenho preguiça de ir ao médico, então tentava resolver com aqueles comprimidos que a maioria das pessoas carregam na bolsa”.

Porém, após ingerir dois medicamentos juntos, ele começou a sentir náuseas, vômitos e dores no estômago. “Senti um mal estar terrível e foi nesse momento que eu vi que não teria como escapar do médico. Chegando lá, fui diagnosticado com intoxicação medicamentosa”, relembra.

Apesar de ser pouco conhecido, isso é bem comum. De acordo com dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), em 2016, último ano atualizado, os medicamentos foram os principais agentes de intoxicação, com 27.261 casos e 52 mortes. A primeira circunstância para a intoxicação medicamentosa foi acidente individual (32,69%), seguida de tentativa de suicídio (32,6%) e uso terapêutico (21,48%).

A clínica-geral Regina Mendonça diz que os sintomas mais comuns desse quadro são alteração de comportamento, náuseas e dores na região estomacal. “Dependendo da quantidade e do medicamento tomado, se o socorro não for instantâneo, o corpo irá absorver, as consequências podem ser bastante graves e o paciente pode até morrer”.

Segundo o estudo do Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ), os remédios mais consumidos sem a orientação médica são analgésicos, anti-inflamatórios, relaxantes musculares, antitérmicos, descongestionantes nasais, expectorantes, antiácidos e antibióticos. “O uso desses medicamentos, sem a receita médica, pode ter como resultado alterações no fígado e até o surgimento de uma superbactéria que não consegue ser remediada com nenhuma droga”, alerta a farmacêutica Pollyanna Oliveira.

Grupos de risco 

A médica alerta que deve-se ter atenção com o consumo de medicamento por parte de crianças e idosos. “Os pequenos podem achar os comprimidos legais e brincar de tomá-los, por exemplo. Por isso, recomendamos deixar sempre fora do alcance e, de preferência, em um armário trancado. Já os idosos, o cuidado deve ser redobrado, pois costumam tomar uma quantidade maior de remédios e, às vezes, isso pode confundi-los”.

Mudança

Após ficar 2 dias internado devido à intoxicação medicamentosa, Carvalho evita se automedicar. “Senti na pele o que isso pode causar e não quero passar novamente. Após sair do hospital, procurei um clínico-geral que me receitou o que posso tomar quando sinto dor de cabeça e também evito misturar mais de um remédio por dia”, finaliza.