Ainda ontem era apenas um concurseiro ou amigo de político. A força era grande e a vontade de sobrevivência imperava. Finalmente no serviço público sua força se tornou imensa. Este tipo de profissional se tornou espécie diferente que veio ninguém sabe exatamente de que planeta, mas detém características próprias e se desenvolve muito bem e se prolifera nas imediações da Esplanada dos Ministérios, se deu muito bem na Praça dos Três Poderes e domina o Congresso Nacional. Deputados e senadores são passageiros, eles permanentes. Assim que se traduzem.
Dotados de poderes adquiridos ao longo dos tempos e de muita pressão os funcionários do poder gozam de privilégios esquisitos para os trabalhadores da realidade que acabam pagando a conta e os salários. A estabilidade no emprego é um escudo que provoca admiração em todos num país que passa dos 13 milhões de desempregados. Com eles aconteça o que acontecer o emprego está garantido. O resto que se exploda. O argumento discutível de que funções típicas de estado como juízes, policiais, fiscais e auditores devem ter a tal estabilidade para evitar pressões de políticos. Ninguém sabe dizer o motivo de tal imunidade atingir a todos, da secretária ao motorista, passando por escriturários, agentes de portaria e até a moça ou moço do cafezinho. Um ponto frequentadíssimo e necessário com estabilidade nas repartições.
Quem pensa que a esquisitice desse tipo de atividade está apenas na estabilidade no emprego se engana. Eles gozam de outro ponto exótico: aposentadoria integral. Se aposentam mais cedo com o salário integral, não importando qual valor estejam recebendo. Alguns recebem até mais do que o teto constitucional de R$ 39 mil. Ainda não satisfeitos com a aposentadoria integral, acharam que mereciam mais e criaram para eles, só para eles, a paridade. Significa que o aposentado com salário integral não pode ficar sujeito aos movimentos econômicos e recebem como se estivessem trabalhando. O mesmo valor dos antigos colegas e, em algumas categorias, imagina recebem até por produtividade. Mesmo aposentados. É o sonho. Só que este é o pesadelo do país.
Municípios, estados e União sofrem com essa relação desequilibradas. Em alguns estados, para cada um coronel da PM trabalhando, seis estão aposentados e recebendo como se estivessem nas ruas. Professores e policiais também entraram nesta relação para falar de categorias mais fáceis de serem balizadas. O fato é que a folha de pagamento das aposentadorias especiais engole a folha de pagamento de salários da ativa em vários estados e municípios que criaram a tal previdência própria. O argumento é de que os empregados no serviço público apostaram as suas vidas nesta atividade e sofrem de restrições para abrir negócio próprio.
Os funcionários de grandes empresas, como Vasp, Encol e outras que fecharam tinham funcionários que apostaram a vida nos empregos e tinham fundos de pensão valorizados. Infelizmente tudo deu errado, depois de sustentarem esse esquema público viram os empregos irem embora e o fundo de pensão naufragar. Não é que esse tipo de proteção seja errada. Certo! Muito bom e deve ser projetada. A garantia eterna é que é indevida para alguns privilegiados às custas dos que não contam com nenhuma estabilidade. É uma situação ideal e de tão boa teria que ser para todos os brasileiros. Garantir os meus projetos, expectativas e direitos e a maioria que se explodam junto com o país é no mínimo covardia, né?