Melhora no condicionamento físico e composição corporal, redução de gordura abdominal, aumento da capacidade da força, resistência muscular e maior flexibilidade. Esses são alguns dos benefícios do muay thai, luta originária da Tailândia e que tem ocupado cada vez mais espaço nas academias do país.
Segundo o personal trainer Giuliano Esperança, a luta traz melhorias por ser de alta intensidade. “Auxilia bastante os aspectos metabólicos, condicionamento cardiorrespiratório o que ajuda em outras atividades. É uma modalidade de esporte benéfica”.
Os pontos positivos vão além do corpo, ajudando, inclusive, a aliviar o estresse. “O grande segredo do exercício é a sensação de sufocamento que ele causa. Existe uma analogia que diz que quando a gente entra numa situação de estresse físico, como na luta, nós precisamos ventilar o corpo, respirando mais pesado. Com isso, ou focamos na respiração ou perderemos o ar e podemos até morrer. É questão de sobrevivência e, por isso, não conseguimos pensar em outra coisa, o foco está todo na respiração. Nós chamamos isso de estado de flow”.
É necessário compreender esse nível de benefício. “Muitas pessoas se envolvem no exercício, mas não se entregam. Fazem de maneira leve, o que já é bom, mas quando se propõe a uma concentração plena, ele auxilia na autoestima e estresse, trazendo múltiplas melhorias no emocional”.
Foi buscando alívio que a cabelereira Andressa Resende optou, há cerca de 3 meses, por começar o muay thai. “Sou bastante estressada e as aulas me acalmam. Amo sentir as gotas de suor descendo sem parar durante o treino. A exaustão no final é compensadora, porque é o resultado de que venci mais um dia”.
Ela já nota várias mudanças. “Minha disposição melhorou consideravelmente. Antes, eu dormia 12 horas por dia, hoje durmo as 8 horas necessárias e consigo administrar minhas tarefas com maior concentração”.
Ela já não se imagina sem as aulas. “Pra mim, é como uma terapia, sinto necessidade em ir. Claro, sinto dores, dependendo do treino, mas é algo que traz prazer, pois indica cada músculo do meu corpo sendo trabalhado”.
Andressa tinha alguns critérios antes de começar a luta. “Na infância fiz karatê, mas devido ao contato corporal, parei. No muay thai, esse contato não é obrigatório. Como mulher e casada, me preocupei com isso, já que, infelizmente, é bem comum a falta de respeito dos homens com as mulheres em qualquer ambiente”.
Com base em sua experiência, ela faz um alerta. “Escolhi uma academia sem indicação, mas dei sorte de encontrar ótimos profissionais. Já ouvi relatos de duas mulheres que sofreram, pois os treinadores não respeitaram o desejo de fazer o esporte como atividade e não trabalho, até tapa na cara, ‘para motivar’, elas receberam”.
O personal trainer corrobora com a fala de Andressa. “É preciso estimular as pessoas a fazerem exercícios, sem colocar muitas precondições. O muay thai pode ser feito por qualquer pessoa, desde que se tenha um processo de adaptação correto. Ou seja, começa devagar e vai aumentando gradativamente de acordo com o perfil de quem está praticando”.
Pessoas com problema cardíaco e metabólicos, precisam redobrar o cuidado. “Por ser um exercício intenso as exigências físicas e circulatórias aumentam, logo, existe maior risco. Além disso, atividades como o muay thai, abre uma janela de infecção respiratória, é o que chamamos de curva em “J” do sistema imunológico, por isso é importante associar o treino mais forte ao treino mais leve. Não é indicado que se lute todos os dias”.
Sou sedentário e aí?
É muito comum as pessoas acharem que, para começar a praticar um exercício mais pesado, é necessário musculação antes. Mas, Giuliano discorda. “Tudo é associado a musculação, e não é bem assim. A pessoa pode fazer um bom programa só com a luta. O lutador precisa de um físico fortalecido. “A coluna, cóquis, musculatura do joelho e tornozelo precisam ser fortes, o personal deve trabalhar isso. A musculação abre cenários de oportunidades gigantes, mas não deve ser tida como precondição. Isso pode até desmotivar uma pessoa, o importante é que ela procure o exercício físico para melhorar sua qualidade de vida”.
Por um 2019 mais saudável
Giuliano conclui com uma reflexão. “É preciso entender que o mesmo coração que treina é o que ama. A função do exercício é, antes de mais nada, trazer a possibilidade de viver o que a gente ama e sem um corpo saudável, isso não será possível. Não se trata de intensidade, mas de regularidade”.
O personal ainda faz um alerta. “É importante frisar que nem sempre o que vemos nos faz bem. Vivemos na era da influência com a ascensão das redes sociais. E ficamos seguindo pessoas que vivem para ser saudáveis, ganham para isso. Quando trazemos isso para a nossa realidade, não encaixa. É fundamental associar o exercício a rotina que nós já temos, para ele ser agregador”, finaliza.