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Confederações seguem na luta para que boliche vire esporte olímpico em 2024

Engana-se quem pensa que o boliche é apenas diversão. A World Bowling, confederação mundial da modalidade, reúne 140 países e mais de 100 milhões de jogadores fixos. Recentemente, a entidade lançou uma petição online para que a prática seja incluída nos Jogos Olímpicos de 2024, em Paris.

Para convencer o comitê olímpico, as finais do primeiro Torneio Mundial Júnior sub 18 foram realizadas na França, nos dias 17 e 24 de março, com a participação de atletas de todo o mundo, incluindo brasileiros. A ideia era mostrar o boliche em um ambiente que as autoridades esportivas não estão familiarizadas.

Mas, segundo o presidente da Confederação Brasileira de Boliche (CBBOL) Guy Igliori, o esforço, a princípio, não foi recompensado. “Num primeiro momento, o Comitê Olímpico Internacional (COI), em Paris, escolheu o breakdance (dança de rua), mas sabemos que até lá vão entrar mais esportes, por isso continuaremos tentando”.

Para ele, o comitê decidiu manter esportes mais populares como surfe e breakdance para manter o público jovem assistindo. “Eles estão buscando espectadores mais novos, mas a idade média de quem assiste aos Jogos Olímpicos está aumentando. E, na minha opinião, os jovens já não assistem mais televisão por causa dos celulares, computadores e tablets”.

Ele acrescenta que seria importante rever a forma de atrair esse público. “Talvez o COI possa remodelar a forma de transmissão e atrair os jovens com outras mídias. Mas é preciso questionar sobre os esportes que já existem. Alguns são complexos de praticar, de difícil acesso e isso não é atrativo. O boliche está na contramão disso. Em todo lugar tem uma pista, em alguns países elas são públicas, inclusive. Talvez, seja a hora de uma revisão geral, até porque participar de uma olimpíada é um jogo de muito interesse”, afirma.

Para ele, há esportes que demandam muito, o que pode diminuir as chances do boliche e outras categorias consideradas menos populares. “Um time de beisebol, por exemplo, são 50 pessoas. Se for 10 times, são 500. Um de futebol, são 30 pessoas por time. No boliche, seria 36 vagas e só. Se sair um time de futebol, abre vaga para o nosso esporte”.

Igliori acrescenta que poderia-se aumentar o número de esportes e diversificar as modalidades. “Temos muitas categorias tentando vaga que já provaram que o custo é baixo e que o tempo de competição é pequeno, mas existe uma série de questões que envolve participar ou não e nem todas são meramente nossas. Podemos ter uma petição com 5 milhões de assinaturas, que foi o que conseguimos, e não ser o suficiente”.

No Brasil e no mundo

O presidente da CBBOL conta que o boliche está espalhado por todo o país. “Ele tem uma grande participação no lazer das famílias. Acontece que, para que a população tenha acesso é um pouco delicado, uma vez que são empresas privadas que abrem esse entretenimento. Nós não temos boliches públicos como em outros países”.

No Brasil são 270 casas de boliche particulares com mais de 2 mil pistas instaladas. “Mesmo sendo todas particulares, é um número grande. Mas não chega perto dos EUA, porque lá a modalidade é muito difundida. Na Europa também. Na Coreia é um esporte escolar, o atleta com 17 anos já consegue viver só da prática”.

No que se refere a competições, o país também tem um destaque. “A gente promove, ao longo do ano, campeonatos nacionais e estaduais por meio das federações. Atualmente são 14 espalhadas no Brasil, inclusive em Minas Gerais. Esportivamente falando, temos excelentes resultados aqui. Conquistamos 3 medalhas pan-americanas, em 2007, uma de prata; em 2011, bronze e, em 2015, ganhamos a de ouro. Vários atletas já ficaram entre os 10 melhores do mundo”.

Ele acrescenta que a profissionalização poderia ser maior, mas o fato de ter que pagar para treinar, dificulta. “O atleta precisa alugar a pista e jogar. O interessante seria o fomento local, atrair jogadores e criar ídolos locais. As casas dão descontos, mas não é o suficiente. Esse é nosso trabalho, mover as casas comerciais em prol disso”.

O presidente cita o exemplo de clubes que possuem pistas para seus associados. “Em Minas, o Clube Jaraguá tem uma pista e são 100 jogadores que frequentam regularmente e não pagam para jogar, já que são filiados, se isso fosse mais popular, auxiliaria também”, conclui.