O empresário do ramo de consórcios e presidente da Multimarcas, Fabiano Lopes, engrossa a parcela do empresariado que está otimista com os novos governos eleitos. Três meses é o tempo que ele estipula para que as primeiras mudanças sejam percebidas. O Edição do Brasil conversou com o administrador para entender suas expectativas em relação a economia nacional e estadual.
Como você analisa o quadro econômico brasileiro atual?
Minha expectativa é positiva. Tivemos a troca de um governo de esquerda para um de direita e o discurso tem agradado a maioria do empresariado. Todos nós, empresários, acreditamos que será bem melhor.
Como você espera que as iniciativas privadas sejam beneficiadas?
Essa liberdade maior para as empresas trabalharem é um ponto positivo. O presidente já demonstrou que tem uma tendência maior para o privado ao passo que o governo anterior era mais estadista, por isso acreditamos bastante nessa proposta de governo dele e da sua equipe. O ministro da Economia Paulo Guedes tem um posicionamento completamente diferente do que tinha os governos anteriores.
A quais erros dos governos anteriores você se refere e que não devem ser cometidos novamente?
Primeiro, a relação externa com alguns países que os governos petistas optaram que não tem significado econômico para o Brasil. É preciso melhorar essas relações externas. O governo petista priorizou Cuba, Venezuela e outros de economia pequena com muito mais problemas que o próprio Brasil. Um país da grandeza do nosso, com o seu potencial e suas commodities precisa estreitar as relações com países do seu nível para cima, a exemplo dos países europeus, asiáticos, como a China que está bombando e EUA, que é um grande parceiro do Brasil. Priorizar países que possam trazer retorno para nós.
Em relação ao novo governo de Minas, quais medidas precisam ser feitas para alavancar a economia mineira?
Medidas que motivem a indústria, o comércio, o setor de agronegócio e pecuária. O Estado tem potencial, o que precisa é motivar os empresários a produzir, é por aí que a economia vai girar. Na medida que temos agora no comando um empresário que está acostumado a administrar empresas, gerar lucros e empregar pessoas, esse aprendizado vai ser levado para o Estado. O que é perfeitamente possível, se ele fazia isso particularmente, hoje conta com o interesse maior das pessoas para que a economia saia dessa situação lamentável, não pagando funcionários, 13º salário atrasado, nem nada. Uma coisa é não pagar um dinheiro emprestado de um banco, agora deixar de pagar salário de trabalhador, direitos trabalhistas e valores que pertencem às prefeituras, praticando até apropriação indébita, é muito grave. Isso começa a travar pequenas cidades. Acredito que com a força do novo governo estadual os compromissos vão ser cumpridos. Existem muitas formas de pagar em dia, é claro que riquezas devem ser produzidas para poder saldar, mas em momento de crise você precisa ter crédito para buscar recursos, ainda que seja emprestado para honrar seus compromissos.
O novo governador tem a expertise necessária para colocar um Estado quebrado em ordem?
Acredito que sim, porque ele é um administrador competente, bem formado e com experiência. Transformou uma pequena rede em quase 500 lojas. A questão da transferência do privado para o público existe, mas não é tão grande assim, quem administra uma coisa, administra outra com pequenas adaptações. O segredo do grande administrador é colocar as pessoas certas nos locais certos, cobrar resultados e substituir aqueles que não estiverem correspondendo às expectativas, isso ele sabe fazer e faz ao longo de 30 anos como gestor de um grupo empresarial. Estou com o pensamento muito positivo de que ele fará um grande governo e, imediatamente, nós vamos sentir esse resultado.
Dentro de quanto tempo essas primeiras mudanças serão sentidas?
A curto prazo, acredito que nos primeiros 3 meses já vamos sentir as mudanças. E, até o final do ano, o Estado já terá encontrado seu caminho que é o mais difícil, depois basta caminhar. Minas vai se transformar em algo completamente diferente dos que tivemos, principalmente, do último governo, que como prefeito (Fernando Pimentel) fez uma boa gestão, mas como governador foi péssimo.
O que espera da relação do governo Bolsonaro com o mercado internacional?
Uma relação proveitosa. Ele já deixou claro que vai mudar com alguns países que não trouxeram resultados. O Brasil é um país grande com uma capacidade de produção imensa e precisa de parceria com países desenvolvidos, grandes e de economia forte para que esteja no meio deles e não no meio de Venezuela, Cuba e outros.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, já declarou que o Mercosul não seria uma prioridade do governo. Você concorda?
Não. O Mercosul é muito importante, ele pode não ter a grandeza da União Europeia, mas a união faz a força em todos os aspectos da vida. Uma coisa é você sentar numa banca de negócios representando um país, outra é representar um bloco. Portanto, o Mercosul não tem que ser menosprezado e sim fortalecido.