Não é novidade que a atividade física auxilia na prevenção de inúmeras doenças. Um estudo feito pelo Ministério da Saúde mostrou que a prática regular de exercícios poderia ter poupado a vida de 12% das mulheres que morreram de câncer de mama entre 1990 e 2015 no Brasil.
O cirurgião oncológico Daniel César explica que isso ocorre porque o sedentarismo, a obesidade e o consumo de álcool em excesso são fatores de risco para a patologia. “Por isso o hábito de se praticar alguma atividade acaba reduzindo essa possibilidade”.
Ele acrescenta que, além de ajudar na prevenção, a atividade física auxilia no tratamento e recuperação da doença. “O câncer de mama tem um tratamento multidisciplinar que inclui a quimioterapia, cirurgia e fisioterapia. O paciente que tem menos gordura, maior condição corporal e pratica algum exercício se recupera melhor no pós-operatório”.
Segundo a fisioterapeuta Tatiana Caparelli, a atividade física ajuda no pós-operatório, principalmente porque a mastectomia afeta a musculatura respiratória, de tronco e postural. “A pessoa tem até medo de respirar, pois está com os pontos e eles doem. O esporte e a fisioterapia auxiliam a restabelecer o organismo”.
Segundo ela, os exercícios funcionais levam o corpo a voltar às suas funções consideradas normais. “Quanto mais fisiológico o corpo, melhor a resposta. O exercício também fortalece a parte cardíaca”.
Autoestima
Tatiana acrescenta que, além de todos os efeitos fisiológicos, a autoestima também é trabalhada no esporte. “Descobrir o câncer não é fácil. O tratamento é agressivo e mexe muito com o psicológico da mulher. Consequentemente, a autoestima despenca. Os exercícios ajudam nesse aspecto, pois eleva o humor, a energia e a pessoa começa a ser mais positiva. Quanto mais cedo começar, melhor”.
Foi exatamente o que aconteceu com a agente de viagens Jo Monteiro. Ela descobriu o câncer em estágio inicial aos 39 anos. “Não foi fácil, minha filha tinha acabado de completar 5 anos e fazíamos vários planos em família, mas essa notícia muda o foco da nossa vida”.
Para ela, receber o diagnóstico foi como um soco no estômago. “A gente não sabe o que fazer, nem por onde começar. A cabeça fica um turbilhão. Foi difícil dar a notícia para a família e amigos. Era complicado falar até o nome da doença. Esperei ter todas as certezas para contar. Graças a Deus, todos ficaram do meu lado e esse apoio foi fundamental”, conta.
Jo retirou 8 linfonodos e, após isso, a movimentação do braço ficou prejudicada. “Minha mastologista me indicou fazer fisioterapia e pilates. Eu nunca havia feito nada, sempre tive vontade, mas a falta de tempo era um empecilho”. Após a liberação da equipe médica, ela começou no pilates e ficou apaixonada. “Foi uma das principais mudanças que o câncer me trouxe. Além da modalidade, também faço acroyoga e corrida. Quando a gente descobre que a vida pode ser mais curta do que imaginávamos, cuidar dela passa a ser prioridade”.
Alerta
O cirurgião oncológico chama a atenção para um fato: o exercício físico evita uma série de doenças. “A prática promove uma vida mais saudável, além de nos capacitar a recuperar melhor de um possível tratamento. Ele deve ser feito por todo mundo e não só por quem está acometido por algum problema”.
A fisioterapeuta corrobora ao dizer que: “É importante não vermos o exercício como algo cansativo, mas sim como uma ferramenta em busca do bem-estar. Não é pra ser algo estressante, mas sim um auxílio positivo para a vida”.
[box title=”#AForçaDoRosa” bg_color=”#d69ebd” align=”center”]Outubro chega ao fim, assim como nossa série, mas a mensagem vale para o ano todo: a saúde vem sempre em primeiro lugar. Declare seu amor por você mesma. Se toque, se cuide. A qualquer sinal diferente, não hesite, vá ao médico. Descobrir o câncer não é fácil, mas, lembre-se: A Força do Rosa pode vencer qualquer batalha![/box]