Não é novidade que a vacinação é a melhor maneira de se imunizar contra diversas doenças. No entanto, a queda na cobertura vacinal é uma realidade no país. Desde 2011 observa-se essa redução. Um exemplo é que o índice de crianças vacinadas com a tríplice viral (que imuniza contra o sarampo, caxumba e rubéola) alcançou 100% enquanto que em 2017, o índice caiu para 83%. A cobertura relativa à poliomielite também era total no início da década, mas, no ano passado, ficou em 77%.
A influência dos grupos antivacinas e das notícias falsas, que circulam pelas redes sociais, são alguns dos motivos que fazem a população deixar de procurar a imunização. Como consequência disso, diversas doenças já erradicadas no Brasil estão voltando. É o que explica a coordenadora de Imunização da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Eva Lídia Medeiros.
Minas Gerais está com o índice de vacinação dentro do normal? Qual a atual situação do estado?
Nossas coberturas estão muito baixas, principalmente, para crianças. Avaliando uma série histórica que fizemos, percebemos que existe sim uma redução da cobertura vacinal para todos os tipos de vacinas.
Por que as pessoas estão deixando de se vacinar?
Existem diversos fatores que podem contribuir para a baixa cobertura vacinal. Uma delas é que a população deixou de ver a circulação de várias doenças, que foram eliminadas por meio das vacinas, e não enxergam a importância de se imunizar. As notícias falsas também contribuem para isso. As fake news circulam na internet e as pessoas passam a receber informações que não são verídicas acerca do tema. Agora é, ou seja, cada pessoa que chega na sala de vacinação precisa ser cadastrada pelo nome e vacinas. Tem alguns municípios que utilizam o sistema e não fazem a transferência correta ou, às vezes, o vacinador aplica a injeção e esquece de fazer o registro.
Hoje, os grupos antivacinas estão ganhando força. Na sua opinião, como isso pode ser combatido?
A Secretaria de Estado tem propagado informações sobre o que, de fato, é verdade e mito. Publicamos algumas matérias a fim de desmentir boatos que circulam na internet. No mais, é preciso uma conscientização da população. Para melhor informação, é necessário que se busque fontes oficiais ao invés de veicular as que são falsas e que, muitas vezes, não sabemos de onde vem.
Alguns especialistas do Ministério da Saúde relataram que os brasileiros só vão tomar a vacina quando sentem medo. Você observa isso?
Infelizmente, sim. Isso acontece bastante na nossa rotina. As pessoas procuram as unidades de saúde somente quando surgem casos, surtos ou até mesmo óbitos. Temos como exemplo a febre amarela. A gente tinha um grupo grande sem a devida imunização no nosso estado. E eles não se preocupavam em buscar a proteção. Depois das mortes pela patologia, as pessoas começaram a correr atrás da vacina.
Quais podem ser as consequências da falta de vacinação?
Pode haver ocorrências dessas doenças com óbitos ou sequelas. Algumas patologias já estão voltando, como é o caso da febre amarela, que não fazia vítimas há tempos. O sarampo, apesar de ainda não ter nenhum caso confirmado no estado, já acometeu pessoas em alguns lugares do país. E o risco da reintrodução da poliomielite, que pode causar a paralisia infantil. Isso tudo são problemas decorrentes da baixa cobertura vacinal. Quando os índices de imunização estão altos e homogêneos, fica garantido que a população está protegida daquele determinado vírus. Mas, quando as coberturas estão baixas, ele pode circular e acometer, principalmente, os não vacinados.
Vai haver ações de vacinação dessas doenças no estado?
A partir do dia 6 a 31 de agosto teremos a campanha contra a poliomielite e sarampo. O dia D desta ação será no dia 18 de agosto, sábado, onde as unidades estarão abertas a fim de receber a população para que todos coloquem a caderneta de vacinação em dia. A campanha vai ser para crianças de 1 ano até menores de 5 anos.
Fica o convite para a população. E, caso alguém apresente dúvidas, tenha perdido o cartão ou não esteja com a vacinação em dia, deve procurar a unidade de saúde mais próxima da residência para se proteger.