A página mais importante do livro de ouro do futebol brasileiro em 2017 já está devidamente escrita e publicada. O Corinthians é o grande campeão. Faturou o troféu com legitima competência e rodadas de antecedência. Surpreendeu a todos, até mesmo analistas experientes. Bem ao lado está o Cruzeiro, outro legitimo campeão que conquistou a Copa do Brasil com uma campanha espetacular. No início do ano pouca gente apontava os dois como favoritos. Mas são campeões com todos os méritos. Agora estão desfrutando da gloria e classificados com moral para disputar a badalada e importante Copa Libertadores. É muito difícil analisar qual título é mais importante.
São duas competições bem diferenciadas, mas cada uma com alto grau de esforço para chegar ao topo. São dezenas de concorrentes, a maioria do mesmo nível, uma quantidade enorme de viagens e jogos. Para encarar tamanha maratona e ser campeão é preciso planejamento eficiente, qualidade do elenco, preparo físico, mental e muita disposição durante meses. O desgaste é impressionante. Portando aplausos para Corinthians e Cruzeiro, campeões maiores do futebol brasileiro.
Mas como a vida é dinâmica e passa cada vez mais rápido, o sucesso alcançado já é quase passado. Melhor então começar a pensar e agir porque a temporada 2018 bate na porta pedindo passagem.
Tudo começa com o tradicional campeonato mineiro. Criticado por uns, desdenhado por alguns, mas amado por minha gente que gosta e luta por um futebol mineiro sempre pleno e forte.
Aparentemente o campeonato regional pode até ser rejeitado por alguns dirigentes e torcedores dos times de Belo Horizonte, mas é de fundamental importância para a vida dos times do interior. É muito bem organizado pela Federação Mineira de Futebol, rende uma boa receita para os participantes e revigora a cada ano a rivalidade esportiva entre as cidades.
Não pode, nem deve ser comparado com as competições nacionais e internacionais, mas guardadas as devidas proporções, ocupa um lugar especial no coração de milhares de torcedores. Funciona ainda como formador de público e quase sempre revela valores para os clubes dos grandes centros.
Em 2018, o campeonato mineiro tem seu início em 17 de Janeiro e se estende até 08 de Abril, contando com 12 clubes. Do interior vamos ter Boa (Varginha), Tombense (Tombos), Villa Nova (Nova Lima), Caldense (Poços de Caldas), URT (Patos de Minas), Tupi (Juiz de Fora), Patrocinense (Patrocínio), Democrata (Gov. Valadares) e Uberlândia. De Belo Horizonte, América, Atlético e Cruzeiro.
Para a turma do interior, a principal dificuldade é na montagem do elenco. O prazo é pequeno e o orçamento curto. Normalmente, além da criatividade, o jeito é buscar jogadores bem rodados, alguns disponíveis em clubes maiores, mesclando tudo com alguns valores que surgem por ai. Contam também com a ajuda dos agentes que precisam de vitrine para seus contratados.
Com esta mistura apresentam times aplicados, cujo sonho maior é a classificação para as finais, faturar o título de campeão do interior e vaga para as competições nacionais. Sabem que ser campeão contra os grandes da capital é missão quase impossível. Na bola as vezes até conseguem se igualar, mas a diferença no orçamento faz a diferença.
América, Atlético e Cruzeiro entram como favoritos. Contam com muito mais dinheiro, possuem estrutura forte e elencos enormes, tanto em quantidade como em qualidade. Pregam que utilizam o mineiro como preparação para disputas maiores, mas sabem que tem a obrigação de chegar na ponta. Uma sequência de derrotas ou perda do título costuma queimar algum jogador ou treinador.
Pouca gente atenta para o fato, mas o campeonato mineiro de futebol é importante na geração de emprego e renda para muita gente. Um batalhão de pessoas envolvidas diretamente na organização e realização dos jogos. Proporciona ainda grande movimentação na imprensa esportiva. Várias emissoras de rádio da capital e interior transmitem os jogos, oferecendo oportunidade de trabalho para centenas de profissionais, assim como acontece em outros veículos de comunicação, redes sociais e na própria televisão detentora dos direitos de transmissão.
Por tudo isso, é muito pouco analisar o campeonato mineiro tomando por base só a qualidade ou não dos jogos, a importância ou não do título.
É também uma questão de tradição. É uma competição centenária. Promove, ainda que de forma tímida, a integração do nosso imenso território. Vamos aplaudir e apoiar o nosso regional, alicerce para que os times de Minas possam alçar voos maiores e melhores nas várias competições da próxima temporada.
2018 promete. Vamos ter três times na Série A. O Boa continua firme na Série B. Vamos ter representação na Copa do Brasil e nas competições internacionais. E tem Copa do Mundo. Nossa seleção vem funcionando bem, tomara que apague o vexame e traga a taça de volta.
Mais do que nunca estamos precisando de vitórias retumbantes e muita alegria. Até mesmo para limpar esta sujeira toda que alguns (muitos) estão jogando em cima do Brasil.
*Presidente da Associação Mineira de Cronistas Esportivos (AMCE)
*gomeslc200@yahoo.com.br