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Você sabe qual é a história do hino do América Mineiro?

Unir e embalar a torcida, enaltecer a emoção e motivar os jogadores: essas são algumas funções de um hino de futebol. Quem nunca cantou a música do seu timão no início de um jogo ou, até mesmo, nas comemorações? O hino retrata e traz a identidade do clube. No entanto, são poucos os dados a respeito dessas importantes composições do futebol brasileiro. Alinhado ao início do Campeonato Mineiro de 2017, iremos contar um pouco da história do hino dos três maiores clubes de Minas: América, Atlético e Cruzeiro.

O tradicional clube América Mineiro, com sede no bairro Horto, no esplendoroso Estádio Independência, tem um hino oficial adotado pela torcida. O autor da Enciclopédia do América, que carrega no seu sobrenome o mascote do clube, Carlos Paiva Coelho, diz que o hino foi escrito por Vicente Mota (nome artístico: Vicente Motta) – que era atleticano e compositor também de outras canções famosas para times brasileiros, mas essa é uma história para a próxima matéria.

Coelho destaca que em seus versos, o hino fala bem do contexto social e histórico da época em que ele foi criado.

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Hino do América Mineiro

Mantendo nosso espírito esportivo,

social e cultural.

Vamos cantando o hino do América

tão famoso e tradicional. (bis)

E cantamos nossa música querida

vibrando com amor no coração.

Enaltecemos assim a nossa equipe

o nosso América deca campeão.

As suas cores são alviverdes,

tua torcida feminina é demais.

A tua classe aristocrata

é quem fulmina os teus rivais.

América és o maior,

teu futebol é sensacional.

Cantamos para o mundo inteiro,

tu és a gloria do esporte nacional.

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Vicente Mota faleceu em 2001, mas a sua família reside em Belo Horizonte. Localizamos alguns de seus familiares por meio de uma rede social e após algumas tentativas, conseguimos falar com Vânia Mota, filha do compositor. Ela relata que não se lembra ao certo, mas sabe que o hino do América foi escrito entre 1969 e 1970. “Foi um pedido de um dos diretores do time e a inspiração para a letra foi a história e conquistas do clube”, diz.

Em sua casa, Vânia guarda um dos primeiros exemplares do disco de vinil com o hino do clube produzido pela Bemol (foto) e também um caderno de Mota, com as canções escritas à mão, inclusive, a do América.

Vinil América
Disco de vinil com o hino do clube (arquivo pessoal)

O ex-atleta Afonso Celso Raso é dirigente, conselheiro e presidente de honra do América. Ele afirma que torce pelo time desde 1940. “Eu tinha 9 anos quando fui nadar pelo América. Foi paixão à primeira vista”, admite. Segundo ele, além do hino oficial, algumas músicas foram criadas para homenagear o time: “Sou do América” de Pacífico Mascarenhas, “Meu América” de Marcelo Viana Dias, “América minha Paixão” de Gervásio Horta, e “América” de Fernando Brant e Tavinho Moura que é muito cantada. “A nossa música é uma manifestação de arte e cultura que representa muito a gente”, acredita.

Raso diz ainda que, atualmente, o América vive uma fase curiosa, pois têm torcedores, mas eles não vão para o campo assistir ao jogo e prestigiar o clube. “Conheço muita gente assim, são os torcedores de pijama, eu respeito, mas gostaria que eles fossem mais presentes, pois o time sofre muita discriminação financeira, principalmente dos patrocinadores e organizadores de campeonato, por ter uma torcida reduzida em comparação a do Atlético e a do Cruzeiro”, afirma.

Ele acrescenta que um apoio jovem está começando a surgir. “Essa torcida vem quando o clube ganha títulos, monta um time com grandes ídolos do futebol e têm aqueles que vêm do clube social – quando a pessoa já nasce dentro do time”, explica.

Orgulho

O vigilante Fernando Vieira dos Santos, 33 anos, é torcedor do time desde os 15 anos. Ele informa que o carinho foi ampliado na final do Campeonato Mineiro de 2001. “O América havia vencido o primeiro jogo por 4×1, contra o Atlético Mineiro. Enquanto a torcida já comemorava o título, no segundo jogo, o Atlético fez 3×0. Resultado que levava o jogo para os pênaltis. Aí, foi então que o jovem atacante do Coelho, Alessandro, fez o gol. O jogo ficou no placar agregado de 5×4 para o América, que se sagrou campeão”, relembra o torcedor orgulhoso.

Para ele, ser americano é ter uma visão de águia e descobrir que a cada ida ao estádio você vai festejar junto com os amigos que são feitos naquele momento e não para cobrar do clube apenas vitórias. “O resultado, para nós torcedores, é um mero detalhe. Avante, América!”, afirma.

Santos ressalta ainda que o hino do seu clube reflete um time de elite que tem seus valores peculiares e que nunca perdeu seu brilho. “Torço pelo Coelho por mil motivos, em resumo, pela linda história do clube e por tudo que o América sofreu em sua existência e não foi extinto. É o time mais humilde do Brasil. Guerreiro e não tem medo de seus oponentes, eu me identifico muito com ele”, conclui.

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