O Dia Internacional da Mulher é uma data importante para reforçar os princípios de igualdade entre homens e mulheres na sociedade. Mas, ao que tudo indica não há tanta coisa a ser comemorada, já que o sexo feminino tem que conviver em pleno 2016 com o machismo, menores salários, discriminação, diferentes tipos de violência, etc.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), coletados em 35 países, mostram que 52% das mulheres foram agredidas fisicamente em algum momento da vida e entre 10% e 30% também foram vítimas de violência sexual por parte do parceiro ou pessoa do ciclo de convivência. Em novembro do ano passado, uma pesquisa também da OMS revelou que uma em cada três mulheres no mundo é vítima de violência doméstica. Ou seja, o quadro definitivamente não é dos mais animadores.
O Mapa da Violência 2015, elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), aponta que o Brasil tem uma taxa de 4,8 homicídios por cada 100 mil mulheres, a 5ª maior do mundo. Com o intuito de mudar essa realidade, a Federação Sul-Americana de Krav Maga, sob a supervisão do Mestre Kobi Lichtenstein, realiza desde 2013 um seminário para mulheres sobre defesa pesssoal.
De acordo com o instrutor de Krav Maga, Daniel Gonçalves, a modalidade consegue dar a mulher a opção de se defender, ensinando a usar os pontos sensíveis do agressor como alvo. “Ela não precisa usar de força bruta e consegue fazer com que um algoz muito mais forte seja tirado de ação”.
Cresce a adesão feminina
O instrutor conta que normalmente um aluno com 6 meses de treino já tem uma noção de defesa pessoal muito grande. É importante esclarecer que não existe nenhuma contraindicação para a prática, nem por sexo e idade.
Ainda de acordo com ele, o sexo feminino é visto como “frágil” sendo assim, elas são constantemente agredidas de diversas maneiras. “O que o Krav Maga consegue fazer é mostrar que, mesmo mulheres sendo fisicamente mais fracas que os homens têm condições de reagir em uma situação de extrema necessidade”.
No Brasil em torno de 30% dos alunos regulares da modalidade são mulheres. É o caso da servidora pública Letícia Vulcano, 29, que é a mulher mais graduada no Krav Maga em Minas.
Letícia conta que inicialmente começou a praticar a luta por influencia de amigos, mas acrescenta que muitos deles desistiram. “Eu continuei, tenho 13 anos de vivência no Krav Maga e sou a única mulher a ter a faixa marrom”, gaba-se.
Ela enfatiza que o que mais aprendeu neste longo período foi ser dona do seu destino. “Me sinto empoderada de poder ir e vir com segurança. Durante a prática a gente aprende a evitar o conflito ao máximo, porém, quando isso não é possível sei utilizar técnicas simples para me proteger sem colocar a minha vida em risco”.
Letícia afirma ainda que o seminário é importante para aquelas mulheres que não conhecem o Krav Maga e querem ter um primeiro contato com a modalidade. “Eu mesma já palestrei no evento e acho válido a mulher saber se defender em uma sociedade na qual sabemos que, muitas vezes, somos vítimas de agressões”, alerta.
Seminário em Minas
O seminário que tem duração de 4 horas aconteceu no dia 12 de março de 9h às 13h, no Centro Mineiro de Krav Maga (União Israelita de Belo Horizonte), que fica na Rua Pernambuco, 326, no Centro. Outros dois locais realizaram simultaneamente o seminário: a Academia Morav Center, localizada na Avenida Presidente Tancredo Neves, 2071, Paquetá, e a Academia Top Fight Center, na Avenida Sinfrônio Brochado, 710, Barreiro.
Desde a primeira edição o evento tem sido um sucesso e a cada ano conta com mais mulheres que buscam a modalidade. Gonçalves declara que aproximadamente 500 mulheres compareceram ao evento. “A demanda tem crescido gradativamente e uma prova é que em este ano o seminário teve que acontecer em vários pontos da capital e também em diferentes cidades no interior do Estado”.
O evento é gratuito e destinado a mulheres acima dos 14 anos. Para mais informações, entrar em contato: (31) 98883-9623 ou pelo e-mail: kravmaga@kravmaga.com.br