Considerado por muitos uma bebida sofisticada, o vinho tem se popularizado no país. Uma pesquisa feita pelo CONECTAí apontou que a bebida é a segunda mais consumida, sendo a preferida de 42% dos internautas brasileiros, perdendo somente para a cerveja, que é a favorita de 68% dos participantes do estudo.
Essa estatística muda de acordo com a faixa etária. Dados do estudo “Hábitos Alimentares do Brasileiro – preferências, dietas e tendências de consumo” mostraram que enquanto apenas 3% dos jovens de 18 a 25 anos consomem a bebida, ela é a preferida das pessoas acima dos 50 anos. 15% afirmaram, inclusive, consumi-la diariamente.
É o caso da assessora de comunicação Rosa Buccino, que possui o hábito há 20 anos. “Sempre acompanhei meu pai nas visitas a cidade de São Roque, reduto da bebida em São Paulo. Quando eu não ia, ele trazia para gente experimentar”.
O desejo de saber mais sobre vinhos foi aumentando e Rosa começou a estudá-la por conta própria. “Fui aprendendo a diferenciar os tastes (gostos), que quanto mais velha a bebida for, mais acentuado estará seu sabor e que a refrigeração da bebida pode interferir nisso”.
Para o professor e consultor de vinhos Deco Rossi, ainda existe um certo receio do consumidor em se aproximar da bebida. “Eu brinco que muitos pensam que o vinho usa terno e gravata quando, na verdade, ele tinha que vestir jeans, camisa e all star. Devemos apreciá-lo com simplicidade”.
Ele acrescenta que as regras para consumir a bebida acaba afastando as pessoas. “Entende-se que é uma bebida de elite e séria, por isso a ideia de ser necessário sentir o aroma e ter uma taça de cristal. Mas tem como degustá-lo sem tantas normas. Claro que se tem a temperatura correta e tudo mais, porém a pessoa passa a adequar da forma que preferir”.
O professor chama a atenção para o fato do país estar seguindo uma tendência mundial. “O aumento no consumo é global. Em alguns lugares é uma questão histórica e tradicional, como o Chile, Argentina e Itália. Mas em países que antes não consumiam tanto, que é o caso do Brasil, isso vem crescendo. Por aqui, nos últimos 20 anos, tem se tornado cultura”.
O brasileiro tem bebido cerca de 2 litros per capita por ano. “É difícil classificar o consumo, pois vivemos em um ‘país com muitos países dentro’. Há muita diversificação na cultura e nos gostos das regiões. Hoje existe uma tendência maior a procura do vinho fino e não o de mesa, que é mais popular”.
Por aqui, o vinho mais apreciado é o tinto. “No mundo todo também. Eu não gosto de generalizar, mas as mulheres têm o paladar mais delicado e tendem a gostar mais do rosé ou do tinto. Os homens, preferem algo mais encorpado, pois tem um gosto mais robusto”.
Apesar de ser contra todas as regras acerca da bebida, Rossi dá dicas de como começar a abrir o paladar para o vinho. “O ideal é começar com o mais leve e doce. Os secos são bons para isso, pois são mais frutados e fáceis de beber. No início, nosso paladar é infantil e depois vai acostumando. É assim com todos os alimentos e bebidas e também com o vinho”.
Ele adiciona que, apesar de muitos acharem que é uma bebida que esquenta, o vinho pode ser consumido no calor. “Digo que o vinho deve ser apreciado quando surgir a vontade. É uma coisa que vai do gosto de quem está tomando”, conclui.