Estudos apontam que existe 1,1 bilhão de fumantes em todo mundo. Desse total, mais de 24 milhões são adolescentes entre 13 e 15 anos. O consumo do tabaco e a exposição à fumaça são responsáveis por 90% dos casos de câncer no pulmão. No Brasil, estima-se que 21 milhões de pessoas possuam o hábito de fumar, esse número representa 12% da população.
Engana-se quem pensa que só quem coloca o cigarro na boca é que sai prejudicado dessa história. Dados indicam que 14 milhões de brasileiros são fumantes passivos, ou seja, inalam involuntariamente a fumaça de cigarros. Isso aumenta 30% as chances de desenvolver câncer no pulmão. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil deve registrar 31.270 novos casos desse tipo de câncer em 2018.
Isso acontece porque o que é prejudicial, na verdade, é a fumaça do cigarro. “Quem se expõe a ela está consumindo tanto quanto quem o está tragando”, explica o coordenador do Centro de Referência em Drogas da UFMG, Frederico Garcia.
Garcia adiciona que o consumo do cigarro acaba por favorecer dois processos: “o primeiro é o inflamatório. Isso causa uma mudança das fibras pulmonares. Elas não conseguem mais ser elásticas para que funcionem corretamente e a pessoa fica com a respiração comprometida”. O outro é chamado de mutagenicidade. “É a mutação dos nossos genes. Esse processo não é restrito ao pulmão, também acontece com outras partes do nosso corpo, trazendo uma predisposição a inúmeras doenças. Pesquisas comprovam que o consumo está associado ao aumento no risco de 130 patologias diferentes”.
As mais populares são a hipertensão, diabetes, problemas cardiovasculares, além do risco de câncer. “Tudo começa com falta de ar e dificuldade em fazer atividades físicas, sintomas que aparecem a fim de mostrar que o corpo chegou a um limite que não é mais possível continuar”.
Ele acrescenta que, mesmo com o vício, a saúde não está perdida. “Estudos mostram que depois de 5 anos que a pessoa interrompe o uso, se não sofrer nenhuma consequência, o risco de ter outras doenças voltam ao nível normal”.
Dia D
Em 29 de agosto é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Fumo, mas largar o vício do cigarro não é fácil. Um levantamento realizado pela Fundação Para um Mundo Livre de Fumo, nos EUA, revela que 72% dos fumantes que tentaram abandonar o hábito não tiveram sucesso. A psicóloga Livia Marques explica que, para muitas, o hábito passa a ser um álibi para a compulsão. “É preciso ter cuidado, pois as pessoas utilizam o cigarro como escapatória. Usam ainda mais quando estão ansiosas, nervosas e estressadas”.
Ela afirma que é difícil encerrar o vício, porque os fumantes não se atentam aos malefícios. “Sabem que eles existem, mas não tomam consciência. Nesse ponto a ajuda é importante, pois um profissional irá auxiliá-lo a compreender tudo”.
Segundo a especialista, é necessário um trabalho gradativo. “A gente sabe que o cigarro tem várias composições. Para largá-lo é preciso trabalhar o comportamental e o físico. Ele libera substâncias no organismo que tem que ser retiradas aos poucos, o corpo precisa desacostumar com aquilo”.
Livia ressalta que, hoje, o SUS oferece tratamentos que auxiliam a abandonar o cigarro. “Existe alguns acompanhamentos e também ONGs e igrejas com grupos de apoios. Acredito que, buscando isso, a pessoa pode melhorar sua qualidade de vida, sem se maltratar, respirando com leveza e encontrando o equilíbrio”, conclui.