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64% das escolas possuem regras para utilização do celular pelos estudantes

Dispositivos são proibidos em 28% das instituições – Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A pesquisa TIC Educação 2023, lançada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), revelou que em 64% das escolas de ensino fundamental e médio no país, os alunos podem utilizar o telefone celular apenas em determinados espaços e horários, enquanto 28% das instituições educacionais não permitem o uso do dispositivo pelos estudantes. Nas instituições que atendem alunos mais novos, a proporção de escolas que proíbem a utilização do aparelho passou de 32% em 2020, para 43% em 2023.

Já nos anos finais do ensino fundamental, a porcentagem subiu de 10% para 21%. No ensino médio, apenas 8% das instituições proíbem o uso do telefone celular na escola. O estudo constatou ainda que, além de estabelecer regras em relação à utilização do celular, mais instituições passaram a limitar o uso de wi-fi pelos estudantes, cerca de 58%. A gerente de Educação do Instituto de Planejamento e Gestão de Cidades (IPGC), Carolina Santana, conversou com o Edição do Brasil sobre o tema.

Qual é a principal razão desse aumento das restrições de celulares/wi-fi nas escolas?
O principal motivo desse aumento da restrição dos dispositivos na escola é o acesso. Cada dia mais, os estudantes estão tendo acesso a esses aparelhos mais cedo, e começam a usar o telefone o tempo inteiro. Isso faz com que as instituições proíbam.

O quanto essa ação é vantajosa para o aprendizado do aluno?
Proibir definitivamente não é uma vantagem. Claro que quando estamos falando de alunos menores, da educação infantil e dos anos iniciais do fundamental, até o quinto ano, elas ainda são crianças, então é muito importante que os celulares sejam meramente recreativos, se a escola achar que tem que trabalhar com esse aparelho dessa forma.

Essa restrição pode prejudicar a digitalização e interatividade no ambiente escolar?
A restrição do celular, por ele mesmo, pode sim prejudicar o entendimento da função do aparelho. Não só como veículo de comunicação e de entretenimento, mas também como fonte de pesquisa.

Você acredita que essas proibições serão mais recorrentes?
Sim, e ao invés dessas proibições recorrentes, feitas pelas instituições educacionais, é preciso que a escola assume o papel que é dela, que é problematizar o uso desses dispositivos.

O celular pode ser uma ferramenta benéfica no meio escolar?
Sim. Cada vez que as séries vão avançando, incluindo também, por exemplo, a universidade, não só a graduação, mas a pós-graduação, a escola precisa problematizar esse uso, porque senão as proibições recorrentes vão colocar a instituição de ensino no papel passivo diante daquilo que acontece na sociedade. É fundamental entender que o celular pode sim ser uma ferramenta benéfica no meio escolar, desde que tenha a intencionalidade e criticidade.

Tudo aquilo que o adolescente jovem adulto consome são gêneros discursivos que precisam estar na apropriação da escola. Ela precisa se valer e utilizar do telefone como o estudante utiliza também. Caso contrário, como que esse aluno vai saber, por exemplo, filtrar nas redes sociais, aquilo que é uma informação que pode auxiliá-lo daquilo que é mero entretenimento?

Como as escolas podem ajudar os estudantes a ter letramento digital?
Essa questão precisa ser abordada em sala de aula. Diante do mundo da universalização digital e da inteligência artificial, não podemos simplesmente proibir por proibir. A escola precisa legislar, no melhor sentido da palavra, de uma forma didática e pedagógica a função do telefone celular, através de jogos, programas e entre outros.