Os pequenos negócios foram um dos mais impactados desde o início da crise sanitária, devido ao fechamento do comércio não essencial para conter o avanço da COVID-19. Muitos não resistiram e precisaram encerrar suas operações, enquanto outros ainda vivem graves problemas financeiros. No entanto, uma pesquisa inédita do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) aponta uma luz no fim do túnel. Até agosto deste ano, com o avanço da vacinação, cerca de 9,5 milhões (54%) de microempreendedores individuais e micro e pequenas empresas podem ter retomado o nível de atividade equivalente ao registrado antes da pandemia.
A análise toma por base a relação entre o comportamento dos consumidores, informações da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do cronograma para a entrega de vacinas do Ministério da Saúde, além de dados populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os negócios que atuam, principalmente, nos setores relativamente menos atingidos pela crise terão uma reação mais rápida ao contexto de imunização do cidadão, como comércio de alimentos, logística, negócios pet, oficinas e peças, construção, indústria de base tecnológica, educação, saúde e bem-estar e serviços empresariais.
“Sabemos que a vacina é o único meio capaz de devolver o eixo da normalidade à economia. Por isso, apoiamos todas as iniciativas que têm sido adotadas para ampliar a disponibilidade de imunizantes para a população. Quanto mais rápido vacinarmos todos os brasileiros, mais ágil será a retomada dos pequenos negócios”, comenta o presidente do Sebrae, Carlos Melles.
Avanço da vacinação
A tão esperada vacina será a responsável por trazer alívio aos pequenos empresários. O estudo do Sebrae indica que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem capacidade para aplicar 3,04 milhões de doses diárias, sendo que o ritmo atual está próximo a 700 mil doses/dia. Sendo assim, chegando próximo ao limite do SUS, até o dia 24 de maio 100% dos idosos com mais de 60 anos e dos profissionais da saúde estariam imunizados com duas doses da vacina. No dia 6 de julho, esse grupo seria ampliado e incluiria os trabalhadores da educação, segurança, transportes, industriais e pessoas com comorbidades. Assumindo que a vacinação seguiria por faixa etária, no dia 18 de agosto, 100% dos cidadãos com mais de 40 anos teriam sido imunizados. Ainda nessa data, chegaríamos a dois terços da população imunizada com duas doses.
Para o presidente do Sebrae, a pandemia mudou muitos hábitos de consumo. Ele afirma que mesmo com o avanço significativo da vacinação, certos comportamentos não serão alterados rapidamente. “A tendência é que o consumo por meio da internet continue em alta. Assim como é esperado que as pessoas continuem evitando grandes concentrações ainda por algum tempo. Por esse motivo, atividades como economia criativa e turismo levarão um tempo maior para voltar ao mesmo padrão de faturamento anterior à crise”, explica.
Outros setores
A pesquisa realizada pelo Sebrae mostra que outros setores da economia terão um retorno mais lento ao estágio verificado antes do início da pandemia. Como é o caso dos segmentos de bares e restaurantes, artesanato e moda, que só voltariam o nível de atividade por volta do dia 11 de outubro, quando 100% das pessoas com mais de 25 anos estariam imunizadas.
Já o ramo de beleza só alcançaria o grau de faturamento equivalente ao pré-pandemia em 27 de outubro. Ainda segundo o estudo do Sebrae, os setores de turismo e economia criativa devem demorar ainda mais, voltando ao antigo patamar apenas em em 2022, mesmo que 100% da população já tenha sido vacinada até dezembro deste ano.