O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), estaria sendo cotado para disputar o governo de Minas no ano que vem. A ideia é a de que ele represente a terceira via do estado. Esse assunto, tratado em sigilo, agrada ao presidente Jair Bolsonaro pelo prestígio do nome de Pacheco e também porque influenciaria positivamente em sua tentativa de se reeleger. Tudo isso tem a ver com Minas Gerais ser o segundo colégio eleitoral e o fato do presidente da República ter uma boa ligação com o atual governador Romeu Zema (Novo). Entretanto, os assessores palacianos consideram muito difícil os dois ficarem do mesmo lado por conta de injunções partidárias.
Caso esse projeto político envolvendo Pacheco conquiste êxito, pode agregar forças também de grupos próximos ao Planalto, comandado pelo deputado federal mineiro, Aécio Neves (PSDB), um dos homens de confiança de Bolsonaro no âmbito da Câmara Federal. Aécio, segundo consta, está se reabilitando fortemente para reconquistar espaço político, começando por fortalecer seu partido no estado.
Kalil e Zema
Enquanto o assunto político mineiro é discutido em Brasília, em Minas permanece o mesmo roteiro de grupos antagônicos se rivalizando entre o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD) e Zema.
Segundo os observadores, o grupo de Kalil está mais organizado no sentido de dar vazão ao projeto político, com vistas ao pleito de 2022. O secretário de Governo da PBH e ex-presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Adalclever Lopes, idealiza a aproximação de Kalil com muitos segmentos políticos do estado, mas, ao seu lado, já existem pessoas influentes como o atual presidente da ALMG, Agostinho Patrus (PV), e o prefeito de Betim, Vittorio Medioli (PSD).
Relativamente a Zema, sabe-se de seu apreço pelo líder de seu governo na ALMG, deputado Gustavo Valadares (PSDB), mas o parlamentar, de acordo com informações que circulam nos corredores, tem um projeto pessoal de tratar de sua própria reeleição, já que, no último pleito, viu sua votação despencar. Ou seja, antes de cuidar dos outros estaria alinhado a sua continuidade no Legislativo mineiro.
O maior dilema de Zema está relacionado à linha dura de seu partido, que impõe sérias restrições e estabelece critérios próprios para quem almeja disputar eleição ou reeleição. Enquanto não define o seu projeto político, certamente por estar envolto aos temas referentes à COVID-19, o govenador computa com o assessoramento direto de dois auxiliares que se desdobram para abrir espaço nos meandros estaduais, ALMG e junto à bancada federal.
Os assuntos relacionados aos políticos são cuidados pelo secretário de Estado de Governo, Igor Eto, com bom trânsito no parlamento do estado, enquanto que no outro ponto está o secretário-geral de Governo, Mateus Simões. Em Brasília, especula-se sobre a possibilidade de Zema fazer uma aliança com o deputado federal Marcelo Aro (PP-MG). Contudo, Aro tem como um dos seus principais desafetos Medioli. Ou seja, essa aproximação entre o governador e o deputado pode não resultar em nada.