Nos últimos tempos, os amantes do futebol paravam em frente à televisão para assistir aos jogos da Seleção Brasileira de futebol. No outro dia era assunto nos bares e durante os cafezinhos no trabalho. Hoje, a situação é outra e poucos acompanham os jogos em amistosos, nas eliminatórias da Copa do Mundo de 2026 e na última competição esse mês, a Copa América, realizada nos Estados Unidos, onde a Seleção Canarinho foi eliminada nos pênaltis pela Seleção do Uruguai.
Qual o futuro da Seleção Brasileira de futebol? É difícil fugir da conclusão que a eliminação nos Estados Unidos dialoga diretamente com o que foi a absoluta ausência de projetos e processos na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), desde a queda na Copa do Catar, em 2022. Entre as duas derrotas nos pênaltis, para a Croácia e para o Uruguai, o time teve três treinadores em um ano e meio, sendo dois deles interinos. É justo dizer que, após um mês reunida para a Copa América, a equipe poderia ter exibido melhores sinais. Mas, ainda que as responsabilidades devam ser divididas, soa cruel fazer de Dorival Júnior o centro do debate. Seria tornar confortável a posição de quem negligenciou a Seleção nos últimos meses.
O resultado foi um time com poucos mecanismos para resolver problemas em um jogo de futebol. Contra o Uruguai, estava claro desde antes do jogo que lidar com uma marcação homem a homem por todo o campo seria o grande desafio.
Se algo caracterizou a Seleção nesta Copa América, foi a dificuldade de fazer o meio-campo jogar. O setor não foi lugar de articulação, de pausa. Foi lugar de passagem, quase sempre com pressa. É claro que o debate precisa abordar questões da escola brasileira, hoje tão pródiga em fabricar atacantes rápidos e habilidosos, mas escassa na formação de meias que controlem partidas. Ainda assim, o nível dos jogadores envolvidos no torneio permitiria que, em um time com processos e tempo de trabalho, desde que bem utilizado, possa ter um jogo mais articulado. Hoje, volantes, meias e pontas do Brasil lidaram, durante toda a competição nos Estados Unidos, com a exigência de encontrarem soluções a partir de individualidades. Quase sempre em posições de desvantagem diante da marcação.
A mais assustadora conclusão desta Copa América é que o Brasil sai dela sem transmitir a sensação de que avançou na construção de um time. Claro que, por vezes, jogos disputados de forma tão brutal, tão violenta quando as quartas de final com o Uruguai, por vezes colocam as emoções acima do pensamento e das estratégias. É possível que em próximos compromissos a Seleção venha a colher frutos do período que ficou reunida. Mas os sinais não foram animadores.
O futuro reserva outras interrogações. Se conseguiremos encontrar laterais mais ativos na construção de jogo, se partiremos para um futebol de pontas abertos ou para produzir aproximações pelo centro do campo, se o tempo de trabalho fará o time evoluir. Sem falar em questões individuais.
Como voltará Neymar? Quanto melhores processos a Seleção tiver, quanto menos for negligenciada pela CBF, maiores as possibilidades de o Brasil lidar bem com tantos desafios. Para lembrar que o Brasil foi campeão mundial em 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002. Até a próxima Copa do Mundo que será disputada pela primeira vez em três países (México, Canadá e Estados Unidos), fica a dúvida qual será o time para disputa do mundial, serão 24 anos sem conquistar a taça do mundo.