Minas Gerais, o estado síntese do Brasil, berço da liberdade, para onde o país sempre olhou na busca do melhor caminho da política, tradicional e conservador, perde a cada eleição o conceito e o respeito dos mineiros e dos brasileiros. Nossa perda de espaço na política nacional é acentuada, não importa quem tenha sido eleito presidente da República nos últimos 30 anos. A cada eleição piora a qualidade de nossos políticos, seja no Senado, Câmara Federal, governadores ou Assembleia Legislativa. Perdemos a fórmula mágica de encontrar homens honrados e sérios, éticos e virtuosos, com vocação para o desempenho das funções públicas, como o fizemos no passado.
Temos enfrentado crises e mais crises na gestão do governo estadual, sejam econômicas, sociais, políticas ou visão de futuro. Perdemos a conexão necessária de sermos ouvidos pelos governos federais ao longo do tempo, apesar de serem eleitos, especialmente pelos votos dos mineiros. Perdeu-se o bom hábito nos governos, de uma forma geral, de planejarem e olharem o futuro. Os ministérios do governo federal, que no passado tinham diversos nomes de Minas, hoje tem um, assim como nos governos anteriores. Em resumo, Minas não há mais, como diria nosso poeta maior, no quesito de prestígio político nacional ou estadual. Assim como o país tem perdido inúmeras oportunidades no cenário mundial pela desorientação sistemática dos governos federais, pouco afeitos ao planejamento dos caminhos para um futuro melhor para seu povo. País desenvolvido é aquele cujo povo tem qualidade de vida, boa renda, habitação, saneamento, ensino e saúde. Com liberdade, é claro.
Um exercício rápido pode nos dar a dimensão das diferenças do passado e do presente, no quesito política mineira. Vamos olhar os nomes de nossos deputados federais eleitos em 1945 e 2022 e estabelecer comparação entre eles. Não se trata de dar mérito ou desmerecer pessoas, já que o foco é absolutamente uma comparação política, no estado ou no país.
Em 1945, logo após a segunda guerra, elegemos por Minas Gerais estes principais políticos da época para deputados federais: Benedito Valadares, Juscelino Kubitschek, Carlos Luz, Bias Fortes, Israel Pinheiro, Monteiro de Castro, Cristiano Machado, José Bonifácio Andrada, Magalhães Pinto, Daniel de Carvalho, José Maria Alkmin, Arthur Bernardes, Arthur Bernardes Filho, Gustavo Capanema, Gabriel Passos, Milton Campos, Augusto Viegas, Mário Brant e Celso Machado. Em 2022, há menos de dois anos, elegemos estes principais políticos de nossa época para deputados federais: Nikolas Ferreira, Zé Silva, Emidinho Madeira, Duda Salabert, Reginaldo Lopes, Eros Biondini, Samuel Viana, Júnio Amaral, Lincoln Portela, Rosângela Reis, Rogério Correia, Paulo Guedes, Dandara, Padre João, Luís Tibé, Fred Costa e Maurício do Vôlei.
Se olharmos nossos representantes no governo do Estado, Senado Federal, Assembleia Legislativa ou Câmara de Vereadores, o resultado vai ser igual ou muito próximo. Será que o futuro dará a estes a mesma dimensão que o presente dá àqueles?