Segundo a Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), o faturamento bruto do setor de aluguel de veículos cresceu 22%, saltando de R$ 36,8 bilhões para R$ 44,9 bilhões no ano passado. O segmento fechou 2023 com 1.570.820 automóveis e comerciais leves, um aumento de 9,5% sobre a frota das locadoras em 2022. Pela primeira vez na história, o total de veículos ultrapassou a marca de 1,5 milhão de unidades.
As locadoras emplacaram 590.870 modelos zero quilômetro, equivalentes a 27,1% de todos os automóveis e comerciais leves emplacados no ano. O investimento nesse segmento chegou a R$ 65,99 bilhões, com R$ 19,1 bilhões pagos em Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
O economista Heldo Siqueira ressalta que uma parte significativa da receita com carros alugados refere-se aos motoristas de aplicativos. “Na América Latina está havendo uma expansão considerável da receita dos aplicativos de corridas, o que ajuda a explicar a necessidade de veículos em boas condições de circulação, procedimento garantido através do aluguel”.
“Outra fonte importante de receita, para as locadoras, são os veículos por assinatura, que também houve uma expansão relevante do volume desta modalidade de aluguel. Parece que o padrão de deslocamento do brasileiro está se modificando com a recorrência maior de viagens por aplicativos e menor com veículo próprio. Por outro lado, a alternativa de ter um carro por assinatura também está se popularizando”, acrescenta o economista.
Ele salienta ainda que 2023 foi um período de crescimento econômico bastante acima do esperado. “No início do ano, estimava-se uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,8% e chegou a aproximadamente 2,9%. É natural também que alguns setores econômicos se beneficiem mais deste aumento da renda”.
“Mesmo assim, a trajetória econômica dá alguns sinais de desaceleração, o que deve impactar também o setor. Ainda que haja uma expansão, é provável que seja menor que a do último ano”, presume o economista.
Minas Gerais
De acordo com dados da Abla, no Estado, a frota de locação de veículos apresentou alta de 3,6%, registrando 982.002 automóveis e comerciais leves, ante os 947.876. Quanto aos emplacamentos, somaram 369.974 unidades em 2023 frente as 380.389 em 2022.
Dentre os mercados atendidos, a terceirização de frota continua com o maior volume, respondendo por 60%. Em seguida, aparece o turismo de lazer (25%) e o turismo de negócios (15%). Os empregos gerados pelo setor de locação somaram 16.846 ante os 15.136 em 2022.
Indústria automobilística
Siqueira pontua que as locadoras de veículos são importantes consumidoras da indústria automobilística. “Adquirindo quase 30% do total de emplacados. Ou seja, a ampliação do mercado de locação de veículos é um estímulo à indústria automobilística”.
No início de 2024, o governo brasileiro anunciou que o setor automotivo deverá receber cerca de R$ 100 bilhões em investimentos nos próximos anos, provavelmente até 2029. Segundo o Poder Executivo, esses investimentos serão estimulados por iniciativas, como a do Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que ampliou as exigências de sustentabilidade, de forma a viabilizar a descarbonização dos veículos por meio de incentivos fiscais.
A ampliação do setor automotivo tende a movimentar positivamente diversas cadeias produtivas que atendem à demanda do segmento, conforme Siqueira. “Isso significa que um estímulo à indústria automobilística carrega a capacidade de ampliar o emprego e a renda de diversos outros setores”.
“Esse segmento tem todas as características necessárias para ajudar na expansão da economia. Porém, não é possível afirmar que o anúncio de investimentos é garantia de que virão. Principalmente, porque no horizonte de aplicações até 2029 muita coisa pode mudar”, finaliza o economista.