Home > Economia > Preço médio da cesta básica diminui 2,13% e chega a R$ 465,06 em Belo Horizonte

Preço médio da cesta básica diminui 2,13% e chega a R$ 465,06 em Belo Horizonte

O custo médio da cesta básica caiu em 13 das 17 capitais analisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no mês de julho de 2020. A redução mais expressiva foi registrada em Aracaju, com variação de -6,49% e preço de R$ 392,75. Entre os estados da região Sudeste, BH é a cidade que possui o menor valor do produto, com recuo de -2,13% e podendo ser encontrado a R$ 465,06. A quantia é equivalente a 44,5% do salário mínimo (R$ 1.045) e para adquirir os itens o belo-horizontino precisa de 97 horas e 55 minutos de trabalho.

O levantamento contínuo dos preços do conjunto de alimentos básicos necessários para as refeições de uma pessoa adulta durante um mês é feito com base no Decreto Lei nº 399/38. Os itens apurados são: carne bovina de primeira, leite UHT, feijão, arroz, farinha, batata, tomate, pão, café, banana, açúcar, óleo de soja e manteiga.

A supervisora de pesquisas do Dieese Patrícia Costa esclarece que a queda foi ocasionada, basicamente, por dois produtos que têm grande oscilação de preço ao longo do ano: tomate e batata. “Como são itens in natura que dependem da safra, clima e da oferta, seus valores sobem e baixam constantemente”.

Preços x Pandemia

Contudo, ela chama atenção para as mercadorias que vem aumentando todo mês e acumulando uma alta acima da inflação. “O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) ficou em 0,44% em julho. Apesar de parecer controlado, alguns itens da cesta como o leite e seus derivados já subiram de preço 20% esse ano. O feijão também concentra elevação de 16% e o arroz de 6%. Já a farinha soma 22%, enquanto que o óleo de soja chega a 12%. O custo vem crescendo, mas são produtos essenciais para as famílias brasileiras”.

Ainda sobre os itens com elevação de preço, a supervisora salienta que a questão também está ligada a outros fatores como a desvalorização cambial e aumento das commodities. “A carne é muito custosa e é a que mais pesa no valor final da cesta. Ela tem sido exportada em grandes quantidades e no segundo semestre deve entrar no período de entressafra. O problema é que internamente não há oferta para esse produto, pois a maior parte vai para outros países e aqui no Brasil não conseguimos consumir porque é caro”.

Na passagem de março para abril o valor da cesta deu um salto em diversas capitais. De acordo com Patrícia, isso se deve, principalmente, aos reflexos da pandemia. “Inclusive, alguns produtos sumiram das gôndolas, pois as pessoas estavam com medo e não sabiam o que viria pela frente. Também houve a mudança da metodologia. O Dieese suspendeu a pesquisa presencial e passou a fazer por meio de telefone, aplicativos de entrega, e-mail e consultas na internet. Por último, tem a questão da safra, clima e oferta que também podem alterar os preços de alguns produtos”.

Salário defasado

Com base na cesta mais cara do país, que em julho foi a de Curitiba (R$ 526,14), o valor do salário mínimo necessário para suprir as despesas de um trabalhador e de sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, deveria ser de R$ 4.420,11, o que corresponde a 4,23 vezes a quantia vigente de R$ 1.045.

“Esse é apenas um valor de referência. O Dieese tem consciência de que não existe a possibilidade de uma hora para outra estabelecer um mínimo desse porte. No entanto, em longo prazo, seria algo que deveria ser buscado pelos governos. Nos últimos anos o que vem sendo feito é uma política de valorização, ou seja, o acréscimo de aumentos reais”, conclui.