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Livro adiciona romance em meio a maior revolta indígena do país

Autor Víktor Waewell – Foto: Arquivo pessoal

A história de amor entre Afonso, um ex-guerreiro português, e Aiyra, uma nativa em busca de vingança e completamente imersa no embate contra a coroa, durante Confederação dos Tamoios, batalha travada por povos indígenas e colonizadores entre 1554 e 1567, onde hoje são os Estados do Rio de Janeiro e São Paulo é o enredo do livro “Guerra dos Mil Povos”, de Víktor Waewell.

Livro pode ser comprado pela Amazon – Foto: Divulgação

Ele explica a proposta de contar o fato histórico e acrescentar um pouco de ficção no enredo do livro e também detalha sobre a Confederação dos Tamoios. “Estou convencido de que o Brasil precisa se conhecer melhor. Durante a maior revolta indígena do país, coisas importantes aconteceram. Pela primeira vez, houve a união dos povos nativos que costumavam batalhar entre eles e passaram a lutar contra um inimigo em comum, que eram os portugueses e alguns caciques aliados”.

“Essa união dos povos nativos não se deu por algum tipo de ideologia ou afinidade específica. Era mais uma questão de não querer ser morto ou ser levado para trabalhar para os portugueses, que estavam avançando com o furor escravista. O grande negócio na época era a captura de escravos indígenas que viviam no Sudeste e eram vendidos e escravizados em plantações que estavam sendo criadas no Nordeste, principalmente em Pernambuco”, acrescenta Waewell.

O escritor conta que essa dinâmica escravista fez com que os indígenas da região onde hoje está o Estado do Rio de Janeiro e outras partes do Sudeste se unissem para guerrear. “O ponto mais fascinante nessa história é que esses povos indígenas que viviam nesta região não tinham sido catequizados ou mudado o modo de vida. Eles mantinham sua religião e costumes e moravam na praia”.

Waewell revela que gastou mais de dois meses realizando visitas e estudando cartas jesuítas e outros materiais, como pesquisas realizadas por historiadores. Ele também destaca esse trabalho para a criação dos personagens. “Sou bem rigoroso com a parte histórica. Estamos falando de um tema sensível que é a escravização de pessoas indígenas. Os fatos históricos são como o limite da ficção. Então, consigo inventar personagens para dar liga a essa história, além de criar eventos que fazem sentido com o que a gente sabe que aconteceu. São recursos literais que prendem a atenção do leitor”.

“Guerra dos Mil Povos” contou com a ajuda dos historiadores Gláucio Cerqueira e Náuplia Lopes. O autor reforça a importância deles na produção do livro. “Isso me auxiliou a ter certeza que estaria entregando algo de qualidade. Porque todo o processo de pesquisa é solitário, por mais que a gente tenha cuidado. Eles me ajudaram a garantir que não tinha nenhuma coisa fora do lugar”.

Na avaliação de Waewell, o Brasil produz pouco conteúdo relacionado aos seus fatos históricos. “Temos um problema de currículo e também de produção literária e cinematográfica. Falta conhecimento sobre muitos eventos que aconteceram com outros povos e não estudamos na escola, como a Grécia Antiga e a Guerra Civil Americana. Tento preencher essa lacuna e trazer um pouco dessa história”, finaliza.