Em muitos lares, a hora de fazer o dever de casa é um verdadeiro sufoco. Crianças choram daqui, pais gritam dali e, no fim, muitas vezes, a atividade fica incompleta.
A doutora em educação e coordenadora do curso de pedagogia do Centro Universitário Estácio de Belo Horizonte, Elaine Morais, explica que o reconhecimento que a criança faz entre casa e escola tem a ver com a resistência em fazer o dever. “Geralmente, ela entende que o colégio é o local onde executa as atividades e a residência é o espaço onde se brinca, assiste TV e tem mais liberdade. Levar para o lar as atividades que, para ela, deveriam ser feitas durante a aula faz com que ela crie uma indisposição”.
Elaine aponta ainda outro motivo. “Muitas vezes, o conteúdo está descolado daquilo que foi vivenciado na sala, então parece uma atividade formal que nada tem a ver com o que a criança está aprendendo no dia a dia. Isso faz com que ela não veja sentido na atividade”.
Para a doutora, o principal fator que desmotiva as crianças a executarem as lições é o desinteresse dos pais. “Muitos responsáveis encaram isso como uma obrigação entediante e ajuda o filho com má vontade. As crianças captam isso e acabam ficando indispostos também”.
Para fugir da responsabilidade, muitos pais acabam por fazer a atividade de seus filhos. “A proposta não é essa, mas sim envolver a família no processo de aprendizagem”.
Outra mania dos responsáveis é prometer algum mimo a criança caso ela complete a atividade. “Tem pessoas que acham que o sistema de troca é adequado. Mas, os pequenos têm que entender que a atividade escolar é, além de algo que vai ensiná-la, um compromisso e uma responsabilidade. O conhecimento em si é a principal recompensa”.
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Meu Dever de Casa
Baseando-se na neuroeducação, o economista Paulo Henrique Menezes criou a escola Meu Dever de Casa. Trata-se de um ambiente propício para que a criança consiga estudar de maneira eficaz. “Desenvolvemos a primeira no Rio de Janeiro. Uma série de fatores foram sendo construídos para que esse espaço atendesse a demanda natural dos pais que não tem o tempo ou o conhecimento para auxiliar no dever de casa”.
Paulo esclarece que um espaço como esse é fundamental, principalmente com o atual formato da sociedade, no qual os pais trabalham muito e há um excesso de distração disponível para as crianças. “Esse é um conjunto explosivo para a educação. Os responsáveis não acompanham os filhos e eles não querem estudar. Com o nosso método, ela passa a desenvolver esse lado e cria, inclusive, autonomia para aprender sozinha”.
Foi o que aconteceu com Marcelo, filho da advogada Simone Alexandre. Ela conta que após mudar de cidade, as notas e dedicação dele diminuíram muito. “Pensamos ser pelo estresse. A situação chegou a um ponto em que as notas que eram entre 9 e 10, baixaram para 3. Nada do que fazíamos, adiantava. Levamos ao psiquiatra e ele foi diagnosticado com Síndrome de Tourette (tiques físicos), os remédios eram fortes e ele ficou muito desanimado”.
Nesse momento, ela encontrou a Meu Dever de Casa. “O Paulo me acalmou bastante. Coloquei o Marcelo na escola e com o tempo ele voltou a se interessar pelos estudos. O lugar passou a ser seu segundo lar e ele se animava em ir aprender. Sou extremamente grata a toda a equipe por ter resgatado a autoestima do meu filho. Hoje, Marcelo está em uma escola conceituada, que possui monitoria, por isso não frequenta mais a Meu Dever de Casa, mas nunca esqueceremos o que foi feito por ele”, finaliza.
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