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5 milhões de brasileiros têm psoríase

Doença causa manchas e descamação na pele / Foto: Freepik.com

 

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), 125 milhões de pessoas, em todo o mundo, sofrem com os sintomas da psoríase, que é uma doença inflamatória da pele, crônica e recorrente. No Brasil, esse número chega a 5 milhões. A patologia despertou a curiosidade do público no fim de fevereiro, após a cantora Beyoncé revelar ter a doença no couro cabeludo, em entrevista publicada pela revista “Essence”.

A especialista em dermatologia, Consolação Oliveira, esclarece que a psoríase é uma doença autoimune que acomete a pele, relativamente comum e não contagiosa. “A causa é pouco conhecida, mas existem indícios de questões relacionadas à genética e ao intestino”.

“Estudos têm mostrado que o glúten, proveniente da farinha de trigo, contém uma molécula que se chama gliadina. Ela não sofre a digestão adequada e, consequentemente, o intestino inflamado gera uma permeabilidade intestinal. Isso pode desencadear um processo inflamatório autoimune, que leva a alteração na produção das células da nossa pele”, acrescenta.

A patologia não ocorre somente no couro cabeludo. “Pode acometer as unhas e também tem a psoríase em placas ou a chamada vulgar, que ocorre em cotovelos, joelhos, na região da cicatriz umbilical, na lombar e nas áreas genitais. Nessa ocasião, a pele fica ressecada, formando placas secas avermelhadas com escamas prateadas ou esbranquiçadas”, explica Consolação.

“Não é uma doença grave, contudo, existe a psoríase pustulosa generalizada que pode causar febre, calafrios, coceira intensa e fadiga. É uma apresentação mais grave da patologia, que pode trazer risco de morte”, completa.

 

Tratamento

Ela relata que a psoríase não tem cura, mas existem tratamentos modernos. “A doença vai se estabilizar, sendo controlada com medicamentos e a retirada total da dieta dos alimentos que contenham leite de vaca e farinha de trigo. O tratamento pode ser através do uso de imunomoduladores e também com a ajuda de cremes e pomadas”.

Consolação ainda comenta que a prevenção está no estilo de vida. “Sono reparador; atividade física constante; tomar água regularmente, em média de dois a três litros por dia; controlar o grau de estresse, além de eliminar o açúcar, pois a obesidade ou o sobrepeso são fatores de risco”.

 

Saúde mental

A psicóloga do Hospital Felício Rocho, Meire Rose Cassini, pontua que o acompanhamento e suporte psicológico tem sido fundamental para quem realiza o tratamento da psoríase. “Devido à sua relação aos aspectos emocionais, a patologia tem um fator vinculado ao estresse como desencadeador ou piora das lesões. Do outro lado, estas lesões acentuadas provocam maior estresse emocional e geram grande sofrimento ao indivíduo”.

“Também existe o estigma social, sentimento de discriminação, inadequação, até mesmo de rejeição frente aos padrões de beleza, causando não apenas sofrimento, tristeza e angústia, mas também impacto na autoimagem, com isolamento, dificuldade de adaptar-se, incapacidade ou redução da autoaceitação e satisfação pessoal. Tais fatores contribuem para piora da doença”.

Meire acrescenta ainda que o acompanhamento psicológico irá possibilitar, a cada pessoa, ressignificar sua história frente aos seus sentimentos. “Ao seu modo de vivenciar suas experiências, medos, preocupações, entre outros, fortalecendo os fatores de enfrentamento e promovendo estabilidade, equilíbrio emocional. Isso vai possibilitar a redução do surgimento das lesões desencadeadas por emoções negativas”.