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Reciclagem de lixo

Números difundidos pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) comprovaram que 65% dos brasileiros fizeram a separação do lixo para reciclagem com frequência nos últimos seis meses. Também se indicou que 50% reduziram a produção sempre e 28% na maioria das vezes. O levantamento da CNI foi realizado no final do ano passado e ouviu 2.021 pessoas com idade a partir de 16 anos.

Mesmo comemorando a informação de que metade dos brasileiros estão reduzindo a produção de lixo, a engenheira ambiental do Instituto de Planejamento e Gestão de Cidades (IPGC), Marina Oliveira, espera um resultado ainda melhor, visto que grande parte dos resíduos produzidos no Brasil ainda é destinado a algum tipo de descarte irregular. Ela almeja que mais pessoas tenham práticas de reutilização, reciclagem de embalagens e adotem práticas sustentáveis para redução da produção de detritos.

Mas apenas esperar pela atuação da coletividade, talvez não seja o ideal, sendo necessário o poder público entrar em cena. A presença de caminhões de coleta, especialmente em bairros mais periféricos, juntamente com mais acesso à informação sobre reciclagem e conscientização ambiental da população, seria o pressuposto básico para minimizar a realidade de agora.

Segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o índice de reciclagem no país é de apenas 4%. Na avaliação do engenheiro civil e professor da escola de engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Raphael Barros, a taxa em Belo Horizonte gira em torno de 1%. Ele lembra outra alternativa capaz de contribuir para melhorar esse cenário de maneira mais proativa: a implementação das leis que regulam o segmento.

O professor afirma que existe uma lei determinando o fechamento dos lixões, mas, por outro lado, não foram criadas condições para o destino correto dos resíduos. Barros também sentencia sobre uma enorme má vontade dos políticos, mancomunados com outros interesses que dificultam a resolução definitiva dessa demanda.

Apesar dos números positivos nacionalmente, o tema requer mais participação do poder público, com políticas sérias capazes de minimizar os efeitos dessa prática, onde o desrespeito ao meio ambiente entulha a vida das pessoas e compromete o futuro das próximas gerações.