O câncer de boca é um problema que pode afetar qualquer estrutura da cavidade oral, como os lábios, a língua, o céu da boca, as gengivas e as bochechas. Ele se manifesta por meio do aparecimento de tumores, lesões, aftas e feridas nesta região. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), os números para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 15.100 casos, correspondendo ao risco estimado de 6,99 por 100 mil habitantes, sendo 10.900 em homens e 4.200 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 10,30 casos novos a cada 100 mil homens e 3,83 a cada 100 mil mulheres.
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer da cavidade oral ocupa a oitava posição entre os tipos de câncer mais frequentes. Em homens, é o quarto mais frequente na região Sudeste (13,16 por 100 mil) e o quinto nas regiões Nordeste (8,35 por 100 mil), Centro-Oeste (8,14 por 100 mil) e Norte (4,53 por 100 mil). Na região Sul (10,52 por 100 mil), ocupa a sexta posição. Entre as mulheres, é o 13º nas regiões Sudeste (4,37 por 100 mil), Nordeste (3,87 por 100 mil) e Norte (1,96 por 100 mil). Já no Centro-Oeste (3,21 por 100 mil), ocupa a 15ª posição. Na região Sul (3,60 por 100 mil), está na 16ª posição.
O estomatologista Roberto Cavalcante diz que o principal tipo histológico do câncer de boca é o carcinoma de células escamosas (90% dos casos). “Ele começa nas células que formam o revestimento da boca, podendo ainda ser classificado como ‘in situ’ (presente apenas na superfície) ou invasivo, quando já alcançou camadas mais profundas. Alguns sinais do câncer podem ser feridas nos lábios e na boca que não cicatrizam por mais de 15 dias; manchas ou placas vermelhas ou esbranquiçadas; sangramentos sem causa conhecida em qualquer região da boca. Também pode haver nódulos (caroços) no pescoço e rouquidão persistente. Em fases mais avançadas da doença, a pessoa pode apresentar dificuldade para falar, mastigar ou engolir”.
Segundo Cavalcante, a maioria dos casos estão relacionados a fatores externos. “O fumo e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas são os principais. A alimentação pobre em frutas, legumes e verduras também pode estar relacionada à ocorrência desse câncer. Além disso, a exposição ao sol sem proteção é um fator de risco para o desenvolvimento de câncer de lábio e o vírus papilomavírus humano (HPV), quando transmitido por sexo oral, também está associado a casos de câncer na cavidade oral”.
Ele recomenda que pessoas com mais de 40 anos que fumam e bebem estejam mais atentas e tenham sua boca examinada por profissional de saúde pelo menos uma vez ao ano. “O exame rotineiro da boca feito por um médico ou dentista pode diagnosticar lesões no início, antes de se transformarem em câncer. A confirmação depende da biópsia, que muitas vezes pode ser feita com anestesia local no próprio consultório. O material coletado é enviado para análise histopatológica. Confirmada a doença, outros exames são realizados para definir o estágio e o melhor tratamento”.
O médico relata que o tratamento, na maioria das vezes, é cirúrgico tanto nas lesões menores, com menor repercussão funcional, quanto nos tumores maiores. “A radioterapia e a quimioterapia podem ser indicadas para complementar o tratamento cirúrgico ou quando a cirurgia não é possível de ser realizada (doença irreversível). Normalmente, a cirurgia consiste na retirada do tumor e inclui também a remoção dos linfonodos do pescoço. Nas cirurgias maiores, pode ser necessária a ressecção de segmentos ósseos”.
Cavalcante conclui dizendo que a melhor forma de prevenir o câncer de boca é evitar seus principais fatores de risco. “Recomenda-se não fumar, não consumir bebidas alcoólicas em excesso, manter uma boa higiene bucal, visitar o dentista regularmente, utilizar protetor solar bucal e usar preservativo, inclusive, durante a prática do sexo oral”.