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Confiança dos industriais cai em setembro após quatro meses de alta

Indicador recuou 1,3 ponto na comparação com o mês anterior / Foto: CNI

Conforme dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) de setembro registrou 51,9 pontos, um recuo de 1,3 ponto, se comparado com agosto. O indicador se encontra abaixo da média histórica de 54,1 pontos. Apesar do declínio, o estudo demonstra confiança do industrial, pois o número segue acima da linha divisória de 50 pontos.

De acordo com a CNI, a queda ocorreu, principalmente, pela avaliação mais negativa do empresário industrial em relação à economia brasileira. O Índice de Condições Atuais, que mostra a avaliação sobre o momento econômico e sobre a própria empresa, manteve-se estável em 47,3 pontos.

O economista Gustavo Aguiar explica que o Icei vinha avançando, em contraponto às concepções negativas para a economia, visto que o mercado e vários outros índices, até mesmo os internacionais, previam um crescimento pífio. “No entanto, em setembro, ele mostrou que o setor industrial teve novamente uma retração nesta perspectiva, após a queda inicial da taxa de juros, em agosto. Isso significa que os empresários estão menos confiantes na parte econômica, o que também reflete na avaliação das condições das suas próprias empresas para o momento atual, embora os indicadores econômicos tenham surpreendido muitos analistas”.

Expectativas

O Índice de Expectativas registrou 54,2 pontos, houve uma queda de 2 pontos. Esse indicador mede a percepção do empresário para os próximos seis meses em relação à empresa e à parte econômica. No que se refere à economia brasileira, ocorreu um declínio de 51,5 pontos para 48,2 pontos, apresentando uma transição de otimismo para pessimismo.

Apesar dos números, Aguiar não acredita que a tendência seja continuar em queda. “Porque as taxas de juros estão recuando, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu reduzir, mais uma vez, a Selic em 0,5 ponto, ou seja, nesse ano já diminuiu 1% e essa redução pode reverter esse entendimento do setor industrial, que é uma área que tem sofrido muito com a desindustrialização e importação de bens mais industrializados, diminuindo assim a competitividade. Considero que os juros tendem a favorecer a indústria, uma vez que aumenta o acesso ao crédito e também o consumo das famílias”.

Icei Minas

O último dado referente ao Icei de Minas Gerais mostra que o índice ficou em 53,1 pontos, em agosto. O indicador registrou uma queda de 0,3 ponto, conforme a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

O levantamento mostra que, apesar do leve recuo, os industriais mineiros mantiveram a confiança pelo sétimo mês consecutivo. De acordo com a instituição, a manutenção do indicador, ao longo de 2023, foi influenciada, principalmente, pela melhora do ambiente macroeconômico, apoiada pelo processo desinflacionário. Contudo, segmentos ligados à produção de bens duráveis e à construção civil devem continuar sofrendo os efeitos da desaceleração do consumo em razão das condições restritivas de crédito.

Sobre a maior confiança do empresariado mineiro em comparação a nacional, Aguiar afirma que tem mais a ver com as perspectivas em relação às políticas econômicas dos governos. “Em Minas Gerais, temos uma administração de continuidade, que foi reeleita no último pleito. Assim, o empresário já sente uma segurança no que vai ser a política fiscal e a intervenção do Executivo estadual na economia. No cenário nacional, um novo modelo foi eleito, totalmente antagônico ao que estava, o que gerou incertezas”.