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Representantes de entidades e atingidos por barragens exigem reparação por Mariana

Foto: Guilherme Dardanhan

O lançamento da campanha “Revida Mariana” reuniu representantes de diversas entidades civis em uma reunião realizada no Espaço José Aparecido de Oliveira, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A campanha tem como principal objetivo reivindicar a reparação integral das pessoas atingidas pelo rompimento da Barragem de Fundão, ocorrido na cidade de Mariana, em 2015.

O evento contou com a participação de representantes de entidades civis, que fizeram duras críticas às mineradoras Vale, Samarco e BHP Billiton, responsáveis pelo desastre ambiental em Mariana. Além disso, os presentes se manifestaram contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada pelo Governo do Estado, que busca eliminar a exigência de referendo popular para a privatização nas áreas de energia e abastecimento de água, bem como reduzir o quórum necessário para a aprovação de leis desse tipo.

Thiago Alves, integrante da Coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), criticou a falta de escuta às pessoas afetadas durante as negociações para a repactuação do acordo de Mariana. Ele ressaltou a importância da participação das comunidades atingidas nas decisões que afetam suas vidas. “Ninguém pode falar em nosso nome. Queremos participar desse processo e dialogar com as instituições de Justiça e os governos federal e estadual. O governo Zema nunca se reuniu conosco. Ele é governador de todos e tem que nos ouvir”.

A agricultora, pescadora e coordenadora da Comissão de Atingidos de Governador Valadares, Joelma Fernandes Teixeira, enfatizou que, após oito anos do rompimento da barragem, pouco foi feito para reparar as comunidades afetadas. Ela também denunciou que os responsáveis vivem suas vidas normalmente com seus investimentos e o dinheiro vai para fora do país, enquanto as comunidades continuam sofrendo com as consequências do desastre.

Durante a reunião, Cristiane Donizete Ribeiro Martins, representante da Comissão de Atingidos de Barra Longa, denunciou a Fundação Renova, acusando-a de não prestar a devida assistência aos atingidos e fazer propaganda enganosa nos meios de comunicação. Ela destacou a necessidade de reconhecimento e reparação para todos os afetados, independentemente de sua situação.

Impacto ambiental

A coordenadora institucional da Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (Aedas), Franciene Almeida Vasconcelos, apresentou dados relevantes. “88% das pessoas nas regiões do Rio Doce, Brumadinho e Barra Longa declararam que perderam renda após o rompimento da barragem. Além disso, 93% realizavam alguma atividade de subsistência para sobreviver e agora 81,5% estão enfrentando algum tipo de insegurança alimentar. O que antes era o vale mais fértil do mundo hoje tem pessoas passando fome. E o mais absurdo é que 76,5% nunca receberam auxílio financeiro. Desses, 91% nunca sequer receberam o porquê da negativa da Renova. E 65% dos atingidos não receberam nada, nenhum tipo de pagamento”.

Também presente na reunião, a representante do Movimento de Ressurgência Purí na Bacia do Rio Doce, Meire Mniamá Purí, destacou que os povos indígenas foram diretamente afetados pelo desastre, alegando que a ancestralidade e cultura morreram junto com o rio, e também convidou o governador a dialogar com os atingidos para discutir seus direitos e a reparação necessária.

Representantes do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (SindUTE-MG), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos do Estado de Minas Gerais (Sindágua-MG) também estiveram presentes e deram destaque à aliança entre o MAB e a Frente em Defesa dos Serviços Públicos e afirmaram que o governo deve ouvir a população na hora de escolher se as estatais devem ser ou não vendidas, para não cair no mesmo erro que cometeu com a Vale.