Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve. Este velho aforismo, sempre citado quando pessoas ou instituições estão à deriva, serve perfeitamente para definir a situação brasileira, mineira e de Belo Horizonte neste exato momento. Comecemos pela nossa paróquia, a BH de tantos sofrimentos políticos e administrativos. O que acontece em nossa Câmara Municipal é de envergonhar qualquer cidadão, deixar decepcionado o eleitor, desacreditar que lá os assuntos sérios da cidade sejam tratados. Virou barraco da mãe Joana, sem ofender o barraco e a mãe Joana.
As acusações contra o presidente do Legislativo são graves, Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) transformaram-se em pedras a serem jogadas nas Genis de ocasião, interferências das mais cabulosas possíveis, vindas de todos os lados. Perdeu-se a razão, a compostura e o decoro, não mais parlamentar, mas da dignidade humana, do respeito às pessoas e ética pública, para dizer pouco. As acusações são de parte a parte em um conflito generalizado, onde todos são ofendidos, desmoralizados e neste cenário dantesco tem-se uma notícia pior. Interferências de políticos de outras esferas são feitas à luz do dia.
No governo do Estado não é diferente. O desprezo do atual ocupante do Palácio Tiradentes à Assembleia Legislativa é antigo e cada dia mais ostensivo. O caso dos aposentados da antiga MinasCaixa envergonha os mineiros, sendo a Assembleia responsável pela restauração dos direitos legítimos destes velhos servidores, feridos e ofendidos pelo governo estadual com projeto desastrado, roubando-lhes a justa aposentadoria. Coube aos deputados estaduais restabelecer estes direitos, não só aprovando como também sancionando a lei. Para não ficar longe do escândalo da Câmara Municipal de Belo Horizonte, o secretário de Governo é acusado de ser o grande orquestrador de tudo de mal que acontece com os vereadores da capital. Coincidência ou não, sua mãe será a relatora do processo de cassação do presidente da Câmara Municipal. Isto para ficarmos na superfície de outros lamentáveis acontecimentos, como o abandono das estradas, desprestígio aos executivos mineiros para administrarem as estatais de Minas, a obsessão paranoica de privatização a qualquer custo, como se fosse a solução para um estado das desigualdades gerais. Um mandato não foi bastante para dar ao chefe do Executivo experiência e conhecimento de que nos governos democracia e diálogos são matérias-primas essenciais para o sucesso de qualquer gestão pública.
Para não ser diferente, vamos ao caos do governo federal, destituído de projeto para o país, seja econômico, social, desenvolvimento ou restauração da ordem e justiça. Nosso principal executivo demonstra total inapetência para tomar decisões, desestimulado, descompromissado, levando o dia a dia do governo no “vai da valsa”. Como seu antecessor fala demais, age de menos, se rende aos oportunistas de plantão, negocia o inegociável, prefere olhar o país de longe na busca de projeções fantasiosas que em nada servem ao Brasil.
Nossa pobreza aumenta, o ensino fracassa, a saúde piora, o emprego desaparece, a violência se instala, reformas mais uma vez ficam em promessas e uma densa cortina de fumaça é jogada nos olhos dos poucos que querem enxergar. Não preciso entrar em detalhes, sejam políticos ou da falta de ações do governo federal, basta acompanhar as lamentáveis decisões e negociações tramadas em Brasília, a grande ilha da fantasia do chamado Brasil. Enfim, como diz o presidente, seu mandato tem o compromisso de vingar todo o mal que lhe foi feito, se é que houve, e que seus inimigos sofrerão na pele a sua vingança.