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Caderneta de poupança registra saldo negativo de R$ 10 bilhões

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Escolhida por 26% dos brasileiros como principal tipo de investimento, a caderneta de poupança mais uma vez registrou um volume maior de saques do que de depósitos, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Dados divulgados pelo Banco Central (BC) mostraram que no mês de agosto, R$ 321,6 bilhões foram creditados nas cadernetas, enquanto R$ 331,6 bilhões debitados, representando um déficit de R$ 10 bilhões durante o mês. O valor registrado foi 54,2% menor que em agosto de 2022, quando as saídas superaram as entradas em R$ 22 bilhões.

Já no acumulado de 2023, as saídas nas poupanças registram R$ 80,2 bilhões a mais que os depósitos. O valor é 5,72% menor comparado com o mesmo período do ano passado, quando foram registrados R$ 85,1 bilhões a mais nos saques.

Para o economista do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG), Gelton Pinto Coelho Filho, esse movimento de retirada se deu, principalmente, pela manutenção da taxa de juros a níveis elevados desde o ano passado. “Isso provoca um problema de liquidez no mercado. Empresas e pessoas que precisam de um dinheiro mais fácil à mão, optam por essa modalidade não colocando todo o seu estoque nos títulos de renda fixa”.

“Como bancos e financeiras acompanham os juros propostos pelo Banco Central, a taxa de risco dos negócios não compensa a tomada de empréstimos. Com a retomada da economia neste início de ano e a ausência de financiamento adequado, muitas pessoas e empresas têm utilizado o recurso como uma espécie de caixa para as necessidades mais urgentes”, completa.

Ele salienta que durante a fase mais crítica da pandemia, houve mais saques do que depósitos na poupança. “É necessário um estudo mais aprofundado se haverá algum impacto negativo na economia em relação a esse movimento. Caso o uso desses recursos estiver acontecendo no sentido de dinamizar a economia e o pagamento de dívidas passadas é um bom sinal”.

Para o restante do ano, o representante do Corecon-MG disse que, com a melhora da economia, a inflação baixa e a redução da taxa Selic, hoje em 13,25%, pessoas e empresas poderão investir em outras alternativas mais atrativas do que a poupança. “O dinamismo da economia pode gerar a continuidade do crescimento e da renda. Quanto mais pessoas e empresas investirem, vão obter retornos e terão disponibilidade para os investimentos. Também podem apareceralgumas oportunidades com uma rentabilidade maior do que a poupança, compensando o risco”.