Home > Destaques > Home equity está em crescimento e possui juros que variam entre 20% e 25% anualmente

Home equity está em crescimento e possui juros que variam entre 20% e 25% anualmente

Quem precisa recorrer a um empréstimo pessoal no Brasil sabe que os juros são bem elevados, podendo chegar aos 300% ao ano. Em muitos casos, o consumidor pode até ter a sua dívida inicial triplicada. A razão para os valores é justamente o risco envolvido nesse tipo de operação, visto que o banco não tem como ter certeza de que o tomador irá pagar a quantia emprestada. Porém, uma modalidade ainda pouco conhecida é o home equity, que coloca um imóvel como garantia e permite que a instituição financeira cobre taxas mais baixas, que variam entre 20% e 25% ao ano.

O economista e especialista em finanças Thiago Soares explica que esse tipo de empréstimo é muito comum em países da Europa e nos Estados Unidos. “O termo em inglês acabou sendo adotado também no Brasil. A modalidade está se popularizando por aqui, mas já pode ser considerada com uma das melhores opções para quem está em busca de crédito mais barato. Os juros são baixos, pois a pessoa ou empresa aceita ceder um imóvel quitado e em seu nome ao banco como garantia, mas somente até o montante ser pago”.

Ainda segundo Soares, os grandes bancos já oferecem o home equity, inclusive, existem até fintechs que concedem empréstimos em que a garantia é o imóvel. “As pessoas ainda têm um pouco de receio de perder o bem, mas o último objetivo do banco é executar a garantia. Esse é um mercado que tende a se desenvolver com mais força nos próximos anos”.

Os contratos desse tipo de operação são regidos pelas regras da alienação fiduciária. “A propriedade fica condicionada ao pagamento de uma dívida. Se acontecer de a instituição financeira ser obrigada a executar a garantia, o imóvel vai a leilão para quitar o débito.

Quem tomou o crédito ainda pode receber a diferença, caso o valor arrecadado na venda for superior ao total devido”, afirma. Quem recorreu ao home equity par concretizar o sonho antigo de ter sua confeitaria é a empresária Flávia Dias. “Desde a minha adolescência eu já tinha o hábito de fazer doces, bolos e tortas e nutria esse desejo de ter meu próprio estabelecimento. Procurei diversas formas de obter crédito e todas estavam com os juros nas alturas. Essa opção de colocar um imóvel como garantia foi a mais barata que encontrei”.

Flávia solicitou R$ 80 mil e pretende pagar em 10 anos. “Usei o dinheiro para comprar os utensílios necessários, além de matéria- -prima. Também serviu para fechar um contrato de aluguel por 2 anos e a reforma do local para que ficasse do meu jeitinho. Ainda contratei 3 pessoas para me ajudar no caixa e ficar por conta de receber e despachar os pedidos pelo delivery. Sei que vou ficar endividada por um longo prazo, mas o negócio tem dado certo e gerado lucros”, comemora.

Quais as vantagens?

Entre os principais benefícios, o economista destaca a taxa de juros. “É bem abaixo do rotativo do cartão, cheque especial, empréstimo pessoal ou consignado. Além disso, o imóvel dado como garantia pode continuar sendo usado durante todo o período em que o contrato estiver valendo. Há um prazo maior para quitação que pode chegar a 240 meses. Dependendo do valor, a carência para iniciar o pagamento pode chegar até 12 meses”.

A modalidade ainda oferece liberdade no uso do dinheiro. “O crédito pode ser utilizado para qualquer finalidade, seja para tirar projetos do papel, viagem em família, faculdade. A cifra concedida é maior do que outras modalidades e pode alcançar até 60% do valor da avaliação da garantia. Mesmo quem está com o nome negativado pode fazer a contratação. Inclusive, muitas pessoas com o nome sujo usam a opção para quitar dívidas e voltar a ter credibilidade no mercado”.

Planejamento financeiro

Apesar de todas as vantagens, Soares alerta que a chance de se enrolar e não conseguir pagar é muito grande. “A modalidade é atraente e os juros menores são um bom negócio, mas o risco de perder o bem é real. A pessoa tem que ter certeza da sua capacidade de honrar o compromisso. É preciso ser bem planejado para que o empréstimo, somado a outras dívidas já existentes, não supere 30% do orçamento mensal”.

Ele também chama atenção para o longo prazo de pagamento. “O consumidor tem que lembrar que a renda ficará comprometida por um bom tempo com as parcelas. O que também deve ser levado em consideração é o Custo Efetivo Total (CET), que inclui todos os encargos envolvidos na contratação de um empréstimo. Dessa forma, o cliente sabe exatamente o quanto vai pagar”, conclui.