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5,18 milhões de brasileiros dependem de aplicativos para ter uma renda

Mercado de trabalho desfavorável e a popularização dos serviços impulsiona o número de trabalhadores nas plataformas / Foto: Pixabay

Assim como a situação econômica, o mercado de trabalho no Brasil também segue em lenta recuperação. E, enquanto milhares de pessoas não conseguem um emprego formal, a tecnologia aparece como uma rápida alternativa e ajuda a absorver grande parte dos desocupados. Segundo uma pesquisa do Instituto Locomotiva, o país tem hoje cerca de 32,4 milhões de pessoas que trabalham utilizando algum aplicativo. Isso representa 20% da população adulta. Desse total, 16% têm os apps como única fonte de renda, que corresponde a mais de 5,18 milhões de brasileiros.

Diversos estabelecimentos, restaurantes e lojas precisaram aderir ao uso de aplicativos para realizar suas vendas e prestação de serviços no Brasil. E, durante a pandemia de COVID-19, por conta da necessidade de distanciamento social, o processo de digitalização foi acelerado. As plataformas são as mais variadas possíveis e vão desde transporte até venda de produtos e serviços, divulgação e delivery.

Para o economista Fernando Matos, a tecnologia vem evoluindo ao longo dos anos e trazendo novidades positivas para a economia. “Existem diversos aplicativos e o trabalhador ainda pode fazer parte de várias plataformas ao mesmo tempo. Ela tem servido como forma de ganhar algum dinheiro para uma parcela da população que não consegue se recolocar no mercado de trabalho. Esse fenômeno foi potencializado pela crise, uma vez que os números mostram mais de 11 milhões de desempregados. Mas acredito que quando o cenário melhorar, esses brasileiros farão uso apenas como um complemento de renda e não mais como fonte principal”, afirma.

Ele alerta que esse tipo de prestação de serviço exige alguns cuidados. “É um trabalho informal e sem vínculos empregatícios, embora haja algumas contestações. Sendo assim, exige que a pessoa tenha ainda mais organização e separe uma parte do dinheiro para pagar, por conta própria, as contribuições ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ou investir na previdência privada. O indivíduo deve analisar o que for melhor e o que cabe no bolso, pensando nos benefícios e na aposentadoria. Apesar de ser lucrativo apostar em aplicativos, muitos brasileiros acabam se esquecendo dessa parte burocrática e tão importante”.

O farmacêutico Carlos Augusto Carvalho perdeu o emprego há alguns meses. Sem conseguir uma nova ocupação, encontrou nos aplicativos de transporte particular sua nova fonte de renda. “Tenho um carro próprio que estava sendo pouco usado por problemas financeiros. Não pensei duas vezes e me cadastrei em dois aplicativos de transporte particular. Não imaginava que fosse dar tão certo. O melhor é que posso montar meu próprio horário de trabalho e ter mais tempo para ficar com a família”, comenta.

Ainda segundo Carvalho, o valor recebido mensalmente superou suas expectativas. “Estou ganhando mais agora do que quando trabalhava em drogaria. Alguns meses costumo faturar mais de R$ 2 mil, mas tem que ter muita responsabilidade nesse tipo de serviço. Sempre coloco uma meta de corridas por dia e não volto para casa até conseguir”.

Também por falta de oportunidades no mercado, a psicóloga Priscila Alves decidiu buscar alternativas. “Sou apaixonada por cachorro e, fazendo uma pesquisa pela internet, descobri um aplicativo voltado para cuidados com o pet. Ele serve para você prestar serviços de passear ou cuidar dos animais enquanto os donos estão fora. Sempre tem gente procurando, principalmente em época de férias. Ganho o suficiente para me manter, variando entre R$ 1.800 a R$ 2.500 por mês”.

O vendedor Gabriel Pereira trocou a loja pelas ruas. É que, há pouco mais de um ano, começou a prestar serviços para um aplicativo de delivery de produtos variados. “Eu já usava a plataforma e, quando fui demitido, resolvi me cadastrar para oferecer meu trabalho. Como tinha habilitação para moto, o processo foi rápido. Tem mês que ganho muito mais do que recebia no outro emprego. O lucro fica entre R$ 2 e R$ 3 mil, sendo que ainda posso fazer meu horário de trabalho e até ter outra ocupação”, conclui.

Fonte: Instituto Locomotiva