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Lagoa Dourada recebe o título de Capital Nacional do Rocambole

Iguaria local possui mais de 17 variedades de recheios – Foto: Arquivo pessoal

O município de Lagoa Dourada, localizado na região do Campo das Vertentes, recebeu o título de Capital Nacional do Rocambole, através de uma lei federal. A proposta foi feita pelo deputado Aécio Neves (PSDB), aprovada pela Câmara em 2022 e pelo Senado, em julho deste ano. A norma foi sancionada em agosto.

Com aproximadamente 12 mil habitantes, Lagoa Dourada tem uma grande pecuária leiteira, além de ser produtora de hortigranjeiros e da iguaria da qual foi declarada “capital nacional”. A cada ano, a cidade sedia a Festa do Rocambole e a Mostra Cultural, eventos que celebram a importância do doce para a economia e a cultura do município.

“O rocambole de Lagoa Dourada, além de ser símbolo da identidade local, gera emprego e renda para o povo lagoense, impulsionando a atividade de produtores locais, comerciantes e prestadores de serviços”, disse o deputado federal Aécio Neves.

De acordo com Marcus Vinícius Januário, gestor do Circuito Turístico Trilha dos Inconfidentes e presidente da Federação dos Circuitos Turísticos de Minas Gerais (Fecitur), esse reconhecimento traz mais visibilidade para a cidade. “O município passa a receber mais turistas e tem uma valorização do seu principal produto. O rocambole é um doce que vem atraindo milhares de pessoas, gerando mais empregos e renda. Também coloca Lagoa Dourada no roteiro gastronômico do Estado”.

Januário pontua também ações que o poder público pode fazer para promover essa iguaria. “Uma delas é o tombamento do modo de fazer do rocambole junto ao Instituto Estadual de Preservação do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha). Isso faz com que a cidade passe também a receber recursos da Lei Robin Hood, como patrimônio imaterial do município”.

O modo de fazer do doce foi inventariado em 2007, como patrimônio imaterial municipal no Inventário do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), do Iepha. A cidade também já ostenta o título de Capital Estadual do Rocambole, conferido pela lei estadual 23.509/19, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

A história

Segundo Albert Costa, secretário de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo da cidade, a produção da iguaria começou com o descendente de imigrantes libaneses, o Sr. Miguel Youssef, que após se casar com a lagoense Dolores de Mello, se estabeleceu com um botequim no município onde, uma vez por semana, servia pão de ló recheado com doce de leite sob a forma de um rocambole. “A tradição passou para a geração seguinte e, em 1965, um dos filhos de Miguel, Paulo, criou uma embalagem especial para os viajantes. A partir daí o pão de ló ganhou o mundo”.

Ele destaca ainda que hoje a cidade conta com 12 estabelecimentos, entre confeitarias, padarias e lojas de artesanato que comercializam o produto. “A maioria dos empreendimentos trabalham com dois turnos de confeiteiros e atendentes, gerando um número significativo de empregos para a população. E estamos desenvolvendo um guia impresso e digital como forma de orientar e dar mais comodidade aos nossos visitantes”.

O presidente da Fecitur afirma que a diferença do rocambole de Lagoa Dourada para o das outras cidades é o modo de fazer. “É a qualidade do pão de ló, do doce de leite e outros produtos utilizados, porque o rocambole daqui tem mais de 17 variedades de recheios. Ele é feito com muito carinho e são receitas antigas de família”.

Januário finaliza explicando como encontrar o doce na cidade. “Quem vem de Belo Horizonte ou da BR-040, sentido a São João del-Rei e Tiradentes, obrigatoriamente vai passar por uma estrada que possui vários pontos com a iguaria disponível. O rocambole é vendido em diversas lojinhas, como na rua principal da igreja matriz, que é a mais famosa. Na BR-383 também existem padarias que comercializam o doce”.