Ainda sob a égide dos governos militares, nos anos 1960 e 1970, foi criada a Planbel, instituição que tinha como missão elaborar políticas e ações para a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), formada por 14 municípios e zelasse pela integração entre eles. Nunca funcionou, talvez pela forma com que foi criada, de portas fechadas e sem a participação dos interessados, nem de qualquer outra representação pública ou privada. Com o passar do tempo, desapareceu sem deixar nenhuma herança ou saudades.
Hoje, a RMBH é composta de 34 municípios, com populações variáveis, entre mais de dois milhões ou dez mil habitantes. Apesar de tamanha disparidade, têm muitos problemas em comum, que não serão listados, porém, de fácil identificação. Basta olhar os serviços públicos de péssima qualidade oferecidos a todos.
Nestas últimas décadas, nenhuma ação foi tomada para a solução destes problemas comuns, especialmente de saúde, educação e locomoção, deixando avolumarem-se com intensa gravidade, tornando quase impossível priorizar qual o mais urgente a ser tratado. E qual a raiz deste estado de inanição estratégica? A inexistência da liderança política aglutinadora, capaz de assumir e tomar as iniciativas de diálogo, entendimentos e negociações entre os demais municípios, na busca de soluções comuns. Evidente que é papel intransferível do prefeito da capital, não só pela sua representatividade, mas pela liderança inerente às suas atribuições.
Em agosto de 2009, por solicitação da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana, hoje inexistente, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) assinou um convênio onde estava previsto um levantamento para “conciliar o progresso econômico, desenvolvimento social, sustentabilidade ambiental, redução da desigualdade socioespacial nos 34 municípios da RMBH. Em torno destes objetivos, estrutura-se o Plano de Desenvolvimento Integrado Metropolitano (PDDI)”. Nas palavras do professor Roberto Monte-Mór: “De forma isolada pouco se resolve”. Após mais de 12 anos, ainda não houve nenhum alento nem solução para a região da metrópole mineira.
Trabalhos técnicos bem elaborados existem e estão arquivados na Prefeitura de Belo Horizonte, mas alguém que os faça acontecer é a questão. Um pecado cometido pelos últimos gestores da cidade, pelas mais diversas razões, notadamente pelos aspectos políticos partidários e desentendimentos com as gestões do Estado ou do governo federal. Ou seja, sobrepõem- -se a prevalência dos interesses privados sobre a imensa necessidade pública, deixando-a, às vezes, exposta à lamentável carência.
Estamos no início das discussões de quem serão os novos prefeitos, partidos e líderes políticos na busca de quem melhor poderá desempenhar este papel nas cidades brasileiras. Em Belo Horizonte, cidade que não soube escolher bons gestores nos últimos anos, com raras exceções, se faz necessário acordar e enfrentar o futuro. Seu abandono é preocupante, seja na falta de serviços aos cidadãos ou ausência de um líder que saiba negociar com as cidades vizinhas. Nos falta um visionário equilibrado, experiente, ético e honrado, homem de diálogo com as muitas correntes políticas e que realmente goste da cidade. Chega de discursos vazios e oportunistas.