Segundo o Ministério da Saúde, até setembro de 2022, foram notificados 10.739 casos suspeitos de meningite, em 2021, esse número chegou a 11.924. Destes confirmados, 5.856 foram de várias etiologias, sendo a bacteriana a mais frequente (2.172), seguida pela viral (2.059). A patologia é considerada uma doença endêmica, que ocorre ao longo de todo o ano, com surtos e epidemias ocasionais. Episódios das meningites bacterianas são mais comuns no outono e inverno e as virais, na primavera e no verão.
A meningite é uma inflamação das membranas que circundam o cérebro. Conforme o Ministério da Saúde, a doença pode ser causada por bactérias, vírus, fungos e parasitas. Sendo as virais e bacterianas as de maior importância para a saúde pública, considerando a magnitude da ocorrência e o potencial de produzir surtos.
O coordenador da neurologia do Hospital Vila da Serra, Galileu Chagas, destaca que existem outras causas, menos comuns, para a ocorrência dessa patologia, que são as doenças inflamatórias, toxicidade de medicações e neoplasias/malignidades hematológicas. “Crianças, principalmente no primeiro mês de vida, são especialmente as mais vulneráveis. Assim como também pessoas com algum tipo de imunossupressão e após procedimentos neurocirúrgicos ou trauma cranioencefálico com fratura na base do crânio”.
Tipos e sintomas
Chagas afirma que a meningite pode ser classificada com base em sua causa, no tipo de resposta inflamatória e na duração da doença. “Por exemplo, uma meningite pode ser bacteriana ou asséptica, aguda ou crônica. As bacterianas costumam apresentar quadros mais graves e com necessidade de internação, enquanto as virais costumam ser mais amenas e muitas vezes agudas, de baixa gravidade e de breve período de tempo”.
O especialista explica que os sintomas mais comuns são febre, dor de cabeça, vômitos e rigidez da nuca (dor no pescoço e dificuldade para encostar o queixo no peito).“Podendo também, em casos mais graves, acontecer confusão mental, rebaixamento da consciência e crises convulsivas. Nos quadros mais críticos, especialmente de meningite bacteriana e fúngica, o paciente pode ficar muito debilitado clinicamente e apresentar sequelas neurológicas”.
Ele acrescenta que o tratamento depende da causa. “Nos casos de meningite bacteriana, o procedimento é feito com antibióticos administrados de forma venosa em contexto de internação hospitalar. Quanto mais precoce for iniciada a intervenção, maior a chance do paciente se recuperar sem sequelas”.
Como prevenir?
O neurologista esclarece que manter a vacinação em dia é a medida mais importante para auxiliar na prevenção, tanto da meningite bacteriana quanto da viral. “Outras ações para prevenir infecções respiratórias também auxiliam nesse caso, como evitar locais com aglomeração de pessoas, manter os ambientes ventilados, não compartilhar objetos de uso pessoal e lavar as mãos com frequência, especialmente antes das refeições”.
Chagas pontua ainda que a vacinação ajuda a reduzir a incidência de algumas das principais causas de meningite bacteriana, sendo uma medida eficaz de prevenção. “A rede pública de saúde oferece gratuitamente imunização contra as formas mais graves da meningite”.
Conforme dados mais recentes da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), nos 853 municípios mineiros, o reforço da vacinação contra a meningite já contemplou 655.280 pessoas, distribuídas da seguinte forma: 394.114 adolescentes e adultos jovens; 123.187 trabalhadores da saúde; 77.014 universitários e 60.965 funcionários de instituições de ensino de nível superior.
Casos entre famosos
Em 2022, a filha do empresário Roberto Justus, Fabiana Justus, de 36 anos, teve meningite viral. Durante alguns dias, ela sentiu febre e mal- -estar e foi para o hospital, quando os sintomas pioraram. Outro caso foi do guitarrista inglês Jeff Beck, de 78 anos, que morreu de meningite bacteriana, no início deste ano.
