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Transtorno bipolar atinge 8 milhões de brasileiros

Foto: Canva

O transtorno bipolar está relacionado à interação entre fatores biológicos, neuroquímicos e psicossociais/ambientais e se destacam as alterações do humor, como alternâncias entre períodos de depressão, euforia ou sentimentos mistos. Essas fases são bem definidas e têm duração de alguns dias ou até meses. A estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que cerca de 8 milhões de pessoas possuem o distúrbio no Brasil, número equivalente a 4% da população.

Segundo o psiquiatra Ariel Lipman, o quadro pode afetar a todos, independente de sexo e classe social. “O mais comum é o tipo 1 que possui três fases. A primeira delas é a da normalidade, no qual o indivíduo vive sem nenhum sinal. Na depressão, apresenta sintomas, como angústia tristeza, perda de apetite, podendo até tentar o suicídio. Já na euforia, fala de forma acelerada, pensamentos rápidos na cabeça, fica desinibido, se sentindo muito mais corajoso. Além de evoluções mais graves, como surtos psicóticos e delírios”, explica.

Para Lipman, existe mais desconhecimento do que preconceito em relação ao indivíduo que possui o transtorno bipolar. “Muitas vezes, o distúrbio é utilizado de forma leviana e leiga. Por exemplo, uma pessoa que oscila de humor ao longo do dia, a gente nunca sabe se ela está feliz ou mau humorada. O paciente que tem o transtorno, fica totalmente desequilibrado e irreconhecível, com sintomas psicóticos”.

A escritora Lúcia Castelo Branco recebeu o diagnóstico de transtorno bipolar quando tinha 37 anos. “Um dia você está com o astral lá em cima, na euforia, e no mesmo dia, está com depressão. É esse balanço que eu vivo. Sou autora de dois livros e a escrita me ajudou muito no meu bem-estar. Posso expressar aquilo que sinto nos meus poemas”.

Diagnóstico e tratamento

Mesmo com uma evolução em vários campos na medicina, o psiquiatra conta que para ter uma comprovação de que uma pessoa possui o transtorno bipolar, ainda é preciso um acompanhamento mais próximo do paciente. “O diagnóstico é feito a partir de avaliação clínica. Já em relação ao tratamento, o uso de medicamentos pode auxiliar o paciente na sua estabilização de humor. O lítio vem sendo utilizado desde os anos 1950 e tem uma boa eficácia. Outras abordagens, como a psicoterapia e a prática de atividades físicas, também ajudam”.

Lipman lamenta que, muitas vezes, o próprio paciente abandona o tratamento por achar que a crise é algo passageiro. “Eles interrompem por conta própria quando apresentam alguma melhora. Dependendo da forma e do momento em que uma crise acontece, pode gerar prejuízos funcionais, sociais, pessoais e profissionais, que podem ser inestimáveis ou irreversíveis. Uma crise não é culpa da pessoa e é melhor tratar do que correr o risco de surtar de novo”, conclui.

Você sabia?

O Dia do Transtorno Bipolar é comemorado em 30 de março, data de nascimento do pintor holandês Vincent van Gogh, que foi diagnosticado com o distúrbio após a sua morte. O período também serve para conscientizar a população em relação ao quadro.