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Pesquisa mostra que semana de 4 dias reduz burnout em 71%

Foto: Pexels.com

Resultados de um experimento feito pela organização 4 Day Week Global que testou a semana de 4 dias úteis por seis meses sem alteração no salário, em 61 empresas e 2,9 mil funcionários do Reino Unido, mostrou que, nesse formato, foi observada uma redução de 71% nas queixas de burnout, sem queda na produtividade. Quase todas as companhias (92% do total) pretendem dar continuidade ao novo esquema de serviço mesmo após o fim do estudo.

A mudança na rotina de trabalho foi avaliada entre junho e dezembro do ano passado. Os maiores ganhos foram observados na saúde mental dos trabalhadores. Além da redução no burnout, 39% disseram estar menos estressados e 54% afirmaram ter menos emoções negativas. Outros 37% também registraram melhorias na saúde física, 46% menos fadiga e 40% menos dificuldades para dormir.

Ao fim do experimento, 9 em cada 10 funcionários disseram que “definitivamente querem continuar com a semana de 4 dias”. Mais da metade (55%) afirmou que, mesmo com um dia a menos, tiveram uma melhora nas habilidades durante o trabalho. Numa escala de 0 a 10, as empresas que participaram do estudo atribuíram uma nota média de 8,5 para a experiência.

Comparando o período antes da pesquisa e o depois, a receita das companhias subiu aproximadamente 1,4%, mostrando que não houve queda relacionada ao dia a menos na semana de trabalho. Quando analisado o período após experimento, com a mesma época de anos anteriores, esse crescimento na receita foi ainda maior, uma média de 35%.

Os empregadores observaram ainda uma redução de 57% no número de funcionários que pediram demissão durante a pesquisa. No total, 56 empresas vão continuar com a nova rotina de forma permanente mesmo com o fim do estudo. Das cinco que decidiram não dar continuidade à semana de 4 dias, duas pretendem testar a estratégia por mais um tempo.

A diretora de recursos humanos, Letícia Figueiredo, afirma que a ideia parece utopia. “A semana de 4 dias úteis já é uma realidade em países, como Islândia, Japão e Emirados Árabes Unidos, e vem ganhando cada vez mais força em outras partes do mundo. Um dia a menos de trabalho possibilita um a mais de descanso, reduz o estresse e permite maior disponibilidade para a vida fora da empresa. Os colaboradores têm mais tempo para aproveitar com os amigos e família, mas também para viajar ou até mesmo se dedicarem a hobbies que gostem ou a projetos pessoais. É atrativo para os funcionários, que conquistam mais bem-estar, e também para as empresas, que podem elevar a produtividade, e, consequentemente, os resultados. O modelo favorece a promoção da saúde mental e do bem-estar físico, ajuda na formação de equipes mais eficientes e contribui para a retenção de talentos”.

Além de ajudar nos maiores problemas da geração atual, que é o estresse no ambiente de trabalho e as doenças acarretadas por ele, como ansiedade e depressão, ela conta que pode haver diminuição no impacto ambiental e nos custos da empresa. “É reduzido os deslocamentos para o trabalho e alimentação fora de casa, tal como ter escritórios funcionando menos dias possibilita às empresas gastarem menos com despesas administrativas de manutenção e uso de água e luz”.

Porém, Letícia ressalta algumas barreiras que podem vir a ser postas, como o caso de empresas que trabalham 24 horas por dia, 7 dias por semana, fazendo com que esse regime possa não ser aplicável. “Com uma semana de 4 dias de trabalho, há menos um dia disponível para atendimento ao cliente, por exemplo. Assim, esse regime pode criar uma barreira entre empresa e consumidor, existindo o risco de diminuição da satisfação do público”.

A diretora também destaca o fato de que esse tipo de modelo necessita de adaptação não só pelas empresas, mas também pelos colaboradores, que terão de concretizar as suas tarefas semanais em 4 dias. “Os funcionários precisam desenvolver novas habilidades, como a gestão eficiente do tempo, o foco e a atenção, para que consigam cumprir com as expectativas da companhia e manter os níveis de produtividade”.

Por fim, ela diz que o formato pode ser interessante para o futuro das novas gerações que não estão dispostas a viver para trabalhar, mas que sua implantação deve ter bastante estudo. “A geração Z está atrás de qualidade de vida, e essa rotina pode ser uma boa alternativa para tornar o mercado mais atraente, porém, empregadores e empresas precisam definir planejamentos para que dê certo. Mudar a política da organização para que o foco esteja nos resultados e não no número de horas trabalhadas”, finaliza.

Longas jornadas

Um relatório publicado em 2021 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostra que, comparado ao ano 2000, 2016 registrou aumento de quase 42% em mortes por doenças cardíacas causadas por longas jornadas de trabalho.