Uma pesquisa do ecossistema Great Place to Work mostrou que empresas com melhores índices de bem-estar apresentaram 76% menos chances de saída voluntária dos colaboradores. Além disso, na disputa por talentos, as firmas com os maiores indicadores tiveram 79% mais candidatos por vaga.
A consultora de Recursos Humanos, Karine Soares, afirma que as pessoas começaram a enxergar o trabalho de outra maneira após a pandemia. “Hoje a grande maioria prioriza o bem-estar físico e, principalmente, a questão da saúde mental. Uma empresa que valoriza esses aspectos terá sempre bons candidatos de olho em suas vagas”.
“Estamos passando por uma tendência, no Brasil e no mundo, que chamamos de ‘quiet quitting’ ou demissão silenciosa, que consiste em fazer apenas o necessário para realização do trabalho. Está ligada ao reconhecimento do bem-estar pelos profissionais, além da remuneração e cultura empresarial. Geralmente, o comportamento é impulsionado pela geração Y e Z, que não está mais disposta a viver em função do trabalho, sendo importante as empresas se adaptarem a essa realidade”, completa Karine.
O levantamento ainda traz um dado importante, indicando que as companhias com boas práticas de saúde mental possuem 11 vezes mais chances de ter mulheres em cargos de alta gestão e presença feminina 50% maior nos conselhos.
Para a consultora, os negócios devem investir em uma cultura que aprecie a diversidade, reconhecimento, capacitação e oportunidades de crescimento. “Valorizar o trabalho de seus colaboradores, evitando que esses se sintam facilmente substituíveis, oferecer feedbacks sobre os serviços, respeitar a individualidade de cada um, ter maior tolerância para erros, permitir que expressem e sanem suas dúvidas”.
O webdesigner Renato Mendes conta que pediu demissão devido a tratamentos indevidos da empresa e rotina desgastante. “O trabalho era híbrido e a firma passou para totalmente presencial, sendo que o serviço poderia ser feito de casa. A rotina e o trânsito durante o deslocamento estavam muito maçantes, além do ritmo absurdo de cobranças e tarefas que vinha tendo”.
“Recebia e-mails e ligações nos finais de semana, prazos curtíssimos para trabalhos complicados, além de assédio moral por parte dos superiores. Estava completamente esgotado física e mentalmente. A flexibilidade é uma coisa que conta muito hoje em dia na hora de aceitar uma proposta”, afirma Mendes.
Karine ressalta que após a explosão das vagas home office na pandemia, muitos tomaram gosto pela modalidade de trabalho. “Os jovens optam pelas vagas remotas ou híbridas pelo conforto e mais tempo para realizar outras tarefas, como exercícios físicos ou hobbies. É importante que as empresas saibam negociar e entendam que essa flexibilidade será necessária”.