Um estudo do Datafolha, encomendado pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), revela que o consumo de alimentos ultraprocessados aumenta em 26% o risco de obesidade, eleva o risco de sobrepeso em 23%, de síndrome metabólica (condições que cresce o risco de doença cardíaca, acidente vascular cerebral e diabetes) em 79%, de colesterol alto em 102%, de doenças cardiovasculares em 29% a 34% e da mortalidade por todas as causas em 25%.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, as Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNTs) consistem nas principais responsáveis pela mortalidade no mundo e, no Brasil, o cenário é bastante similar, respondendo por mais de 70% das causas de mortes. As DCNTs têm ligação direta com o consumo desses alimentos, entre as principais estão as enfermidades do coração, os cânceres, as doenças respiratórias e renais crônicas, além da hipertensão, diabetes e obesidade.
Segundo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), os alimentos ultraprocessados são produzidos com a adição de ingredientes, como o sal, açúcar, óleos, gorduras, proteínas de soja e do leite, extratos de carne, além de substâncias sintetizadas em laboratório. Assim, consistem em um prazo de validade maior, alteração de cor, sabor, aroma e textura. São exemplos de ultraprocessados: biscoitos recheados, salgadinhos de pacote, refrigerantes, macarrão instantâneo, entre outros.
O nutricionista Felipe França esclarece que, cada vez mais, são apresentados produtos com baixa caloria e eles vêm com diversas composições tóxicas que podem prejudicar a saúde de forma irreversível. “Devemos tomar cuidado com os alimentos ultraprocessados, porque possuem altas taxas de conservantes, edulcorantes e aromatizantes. Quanto maior o tempo de prateleira, mais aditivos aquela mercadoria contem”.
França afirma que o aumento do consumo pode ocasionar problemas graves no fígado, já que algumas vitaminas e minerais são de suma importância para o bom funcionamento hepático. “Podemos também ressaltar que altos índices de alimentos ultraprocessados podem trazer dificuldades de memória, concentração e gerar ainda transtornos mentais”.
Ele destaca alguns sintomas que podem ser observados quando ocorre o excesso de toxinas ingeridas por alimentos ultraprocessados. “Tonturas, sinais de hipoglicemia (tremores e sudorese), perda de memória recente, aumento brusco de celulites, queda de cabelo, unhas fracas, enjoos, dentre outros”.
Consumo em excesso
A personal Alessandra Calijorne conta que consumia presunto, enlatados, alimentos processados e congelados, tudo para facilitar o dia a dia dela e da sua família. “A praticidade de pratos variados e fáceis de preparar fazia parte da minha rotina. Com o passar do tempo, tive uma surpresa nos exames de saúde”, lembra.
Ela relata que começou a se dedicar a uma alimentação saudável. “O equilíbrio veio muito rápido, depois que evitei essas mercadorias, que só contaminavam a minha alimentação. Hoje, controlo a minha saúde com atividade física e refeições com produtos selecionados”.
França lembra que as doenças podem ser reversíveis desde que ocorra uma mudança radical no estilo de vida. “Principalmente no consumo de alimentos sem adição de toxinas ou aditivos. Mas, quando não ocorre essa modificação de hábitos, o excesso pode levar o indivíduo a ter algumas consequências”.
Segundo o nutricionista, não há estudos que mostram uma quantidade segura para o consumo desses alimentos. “Quando não tem nenhuma doença prévia e que a pessoa saiba se cuidar, o equilíbrio é essencial. Temos que lembrar que tais produtos estão nos nossos ciclos sociais e no lazer. Com consciência e cautela, pode haver um equilíbrio e não uma proibição”.
Ele destaca que existem vários programas de desnutrição espalhados pelo mundo inteiro desde a década de 1960. “Atualmente, a maior DCNTs é a obesidade, que já se instalou em grande quantidade de adultos e jovens. O poder público tem a obrigação de criar políticas que possam viabilizar um alimento limpo e saudável. Estudos mostram que projetos ligados à nutrição podem trazer uma melhora na expectativa de vida da população”, conclui.