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Bullying pode amedrontar estudantes na volta às aulas

Foto: Pexels.com

A volta às aulas acontece neste mês de fevereiro em várias instituições de ensino do país, porém, o retorno pode ser delicado para alguns jovens. Segundo estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 40% dos estudantes admitiram ter sofrido bullying de provocação e intimidação na escola. Ainda conforme a pesquisa, 24,1% dos alunos também declararam aos pesquisadores sentirem que “a vida não vale à pena”, após terem sido vítimas do ato. Para discutir sobre o assunto, o Edição do Brasil conversou com a psicóloga clínica, Arteniza Ferreira.

 

O que é caracterizado como bullying?

De acordo com relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) sobre violência escolar e bullying, publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2019, o ato é considerado um tipo de violência e se caracteriza como um conjunto de comportamentos violentos recorrentes destinado à uma vítima, que podem ser: intimidação, insultos, apelidos, roubo de objetos, violência verbal, psicológica, física e até violência sexual.

O bullying pode ocorrer tanto no ambiente escolar como a caminho da escola e pela internet (cyberbullying). Pode ser praticado por funcionários da escola, professores e alunos.

Os meninos estão mais propensos a cometerem bullying em grupo e o usam como uma maneira de estabelecer poder. Tendem a praticá-lo de forma mais agressiva fisicamente. Já as meninas têm ações mais sutis, como exclusão do grupo, criação de rumores que tem como objetivo competir por atenção e aprovação de terceiros.

Quais são as consequências para o aluno que é vítima?

As consequências são inúmeras, mas, podemos destacar que o aluno alvo de bullying tem sua autoestima diretamente afetada, visto que é difícil se defender de tais violências porque muitas vezes elas são sutis. No caso de insultos e apelidos, por exemplo, os sinais são ignorados pelos adultos responsáveis. Queda no rendimento escolar e alteração de humor são as consequências mais comuns.

Como isso afeta a saúde de quem sofre os ataques?

As vítimas de bullying se sentem por vezes culpadas, tristes, incapazes e podem desenvolver depressão grave com risco de suicídio, além de transtornos de ansiedade (medo, fobia social e etc). As marcas podem persistir por toda a vida, os ataques podem causar danos físicos como machucados, e até Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) nos casos de violência sexual.

Quem são os alvos do bullying?

Infelizmente, todas as crianças e adolescentes estão vulneráveis a sofrerem bullying no ambiente escolar, porém, alguns fatores podem propiciar que sejam mais vulneráveis, como: etnia, religião, orientação sexual, classe social, aparência física e deficiências.

Como reconhecer os agressores?

Pode não ser fácil reconhecer os agressores, porém, podemos nos atentar a alguns sinais, como: comportamento agressivo e violento, demonstrar pouca empatia ou humilhar e ridicularizar pessoas publicamente, e ainda se aproveitar do poder ou força contra outras pessoas.

O espectador também tem participação no bullying?

Sim, os espectadores têm uma participação importante no bullying, quando escolhem não intervir e, assim, permitir que o comportamento negativo continue. Em alguns casos, podem colaborar, muitas vezes incentivando ou se juntando ao agressor.

A falta de intervenção dos espectadores pode intensificar o impacto do bullying sobre a vítima, pois aumenta a sensação de isolamento e vulnerabilidade. Portanto, é importante que eles compreendam a importância de sua ação ou falta dela em situações de bullying e aprendam a identificar e responder de maneira adequada.

O que devemos fazer sobre casos de bullying?

O nosso papel nas situações de bullying é o de intervir. Não podemos nos abster diante de episódios de violência e sofrimento. As vítimas dificilmente pedem ajuda por não confiarem nos adultos e por medo que tais agressões aumentem. É um problema de todos enquanto sociedade. Os pais e a escola devem estar atentos aos sinais, conscientizar os alunos sobre o bullying, acolher as vítimas, além de proporcionar um ambiente escolar seguro, respeitoso e inclusivo.