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2% dos pequenos negócios mineiros fecharam as portas com a pandemia

A crise financeira em decorrência da COVID-19 tem afetado, sobretudo, os pequenos negócios mineiros. Um levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), realizado no final de maio e início de junho, apontou que 2% deles tiveram que fechar as portas de vez. Além disso, aqueles que continuam no mercado tiveram queda de mais da metade no faturamento. Os impactos do coronavírus, principalmente pelo isolamento social e fechamento de lojas, também levou cerca de 25% dos empreendimentos a demitirem funcionários.

Um dos empresários que encerrou as atividades é Alexsandro Soares, ex-proprietário de uma hamburgueria. O estabelecimento tinha sido inaugurado há aproximadamente 3 anos. “Nós conseguimos passar pelo primeiro mês da crise com algumas dificuldades, ainda assim era possível honrar com as despesas e pagamento do pessoal e ainda obter lucro, mesmo que com uma queda brusca em comparação aos meses anterior. Já no final de abril tudo se complicou e foi preciso dispensar dois funcionários e o faturamento foi praticamente zero. Em maio, a situação era incontrolável e não tivemos outra saída a não ser fechar o negócio”.

Ele conta que a hamburgueria era um sonho antigo e realizado com esforço. “Depois de muito planejamento tirei o projeto do papel. Na época vendi meu carro para ter dinheiro para começar. Acreditei, apostei tudo e veio essa crise por conta do vírus para derrubar os negócios. É triste tudo isso. Só as vendas pelo delivery não sustentam o estabelecimento. Tentei fazer empréstimo pelas medidas do governo, mas além da análise demorada o pedido não foi aprovado”, lamenta.

Para o superintendente do Sebrae Minas, Afonso Maria Rocha, os pequenos empresários vêm encarando dificuldades diárias desde março para manter suas atividades. “Além das incertezas provocadas pela pandemia, a falta de recursos financeiros para tocar o negócio, mesmo após a retomada, é um dos principais motivos que fizeram com que as empresas fechassem suas portas”.

Ainda segundo a pesquisa, dentre as empresas que encerraram suas atividades, 32% disseram que poderiam ter evitado caso tivessem apoio financeiro do governo. Por outro lado, 31,5% dos entrevistados afirmaram que nada poderia ter ajudado a superarem a crise. Questionados sobre o que irão fazer após o fechamento, 54,4% dos donos de pequenos negócios mineiros disseram que irão buscar novas oportunidades de emprego e 18,2% irão criar algo informal.

A maioria dos empreendedores depende das vendas dia a dia para garantir que as contas fechem no azul. Com as medidas de distanciamento e o fechamento do comércio, o estrago nas finanças impactou diretamente a redução da receita de 85,5% dos pequenos negócios mineiros. A média de queda chega a 58% dos rendimentos das empresas.

Demissão de funcionários

Com a menor circulação de pessoas e as constantes quedas no faturamento, cerca de 25% dos pequenos negócios mineiros que tinham funcionários com carteira assinada tiveram que demitir pelo menos dois de seus funcionários em maio. “Vivemos uma situação atípica, em um período de insegurança. Porém, mesmo diante das dificuldades é importante que as empresas preservem seus empregados, já que precisarão deles na retomada de suas atividades”, explica Rocha.

Do total de empresas mineiras ouvidas, 31% tiveram que suspender temporariamente o contrato de trabalho, 21% diminuíram a jornada com a redução de salário, 14% deram férias coletivas, 9% reduziram o salário com complemento do seguro-desemprego.

Mariana Machado é proprietária de um restaurante e passou por esse sufoco de ter que dispensar três de seus funcionários. “Até então, a equipe tinha sete pessoas. Porém, o movimento caiu quase 80% devido à restrição de circulação. Nos também seguimos a recomendação de reduzir nossa capacidade de atendimento. A demanda caiu drasticamente e não seria necessário tantos trabalhadores. É muito doloroso ter que mandar alguém embora”, diz.

Ela afirma que diminui o horário de funcionamento do estabelecimento. “Antes estávamos abertos também para jantar, agora, somente para o almoço. Acredito que o momento é de muita incerteza financeiramente. Precisei demitir para evitar a falência. Mas, assim que a situação começar a melhorar contratarei novamente”, conclui.