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HIV: cerca de 920 mil pessoas vivem com o vírus no Brasil

Foto: Freepik

Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 920 mil brasileiros vivem com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Deste total, 89% foram diagnosticados, 77% fazem tratamento com antirretroviral e 94% das pessoas que fazem o procedimento não transmitem a doença por terem atingido a carga viral indetectável.

Os indicadores mostram também que, no Brasil, os homens predominam os casos de infecção com 69,4%, contra 30,6% em mulheres. A faixa etária mais afetada pela doença é a de pessoas que possuem entre 20 e 34 anos, representando 52,7% das ocorrências.

A infectologista, Eumara Barbosa, esclarece que esses indivíduos possuem uma vida sexual mais ativa e, por isso, tendem a ter uma exposição maior ao HIV. “Porém, devemos lembrar que o número de pessoas da terceira idade tem se elevado, em relação ao diagnóstico da doença, muito em função da sobrevida dos brasileiros, já que estamos vivendo mais e, também, por conta de medicamentos que ajudam na disfunção erétil”.

No âmbito mundial, cerca de 38,4 milhões de indivíduos vivem com HIV, segundo as estatísticas de 2021, publicadas pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids).

A doença

De acordo com Eumara, os estágios percorridos para que o HIV leve a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids), que ataca o sistema imunológico e deixa o organismo vulnerável a doenças, são basicamente três. “A inicial, a gente chama de síndrome retroviral aguda. Ela ocorre quando o organismo tem contato com o vírus. A segunda é a de latência e que tem uma duração de 5 a 7 anos, podendo se estender até 10. E, por último, a Aids. Antes da síndrome, ainda dentro da latência, existe a pré-Aids, que é o momento final da segunda fase”.

A infectologista afirma que a enfermidade acontece a partir do momento que o HIV, dentro do organismo do indivíduo, vai de encontro às células T CD4. “Dentre as células T CD4, preferenciais do vírus, estão os linfócitos, responsáveis pela imunidade e uma vez que ela é atacada, o organismo vai enfraquecendo”.

Os principais sintomas variam de acordo com a evolução da patologia. “Se está na fase da síndrome retroviral aguda, o paciente pode apresentar indícios como febre, amigdalite, cefaleia, linfadenomegalia cervical e diarreia”.

Eumara acrescenta que existem quadros inespecíficos, por exemplo, quando o paciente entra em uma fase de latência e fica assintomático. “Porém, à medida que o sistema imunológico vai sendo deteriorado pelo HIV, esses sinais começam a aparecer na fase pré-Aids. Neste estágio ocorre um emagrecimento progressivo, febre baixa diária, diarreia crônica, alterações nos pelos, pneumonia bacteriana, candidíase oral e quando essa fase progride e não é feito o diagnóstico, o paciente passa a ter Aids”.

Diagnóstico

Segundo a médica, existem alguns métodos laboratoriais para o diagnóstico que diferem entre si. “O primeiro é o teste rápido, onde a pessoa teria que ter duas amostras sanguíneas, com dois testes de marcas diferentes positivos para dar o resultado. O segundo é realizado por meio das sorologias. Esses dois métodos são os mais utilizados, mas há também a Proteína C Reativa (PCR), usada em casos específicos”.

Conforme Eumara, o tratamento se baseia em terapia tríplice, com a utilização de três medicamentos que atingem partes diferentes do ciclo viral do organismo. “Há uma tendência mundial para que a terapia volte a ser dupla e, em alguns casos, já usam, com respaldo da literatura e boa resposta ao tratamento. Porém, o Ministério da Saúde ainda preconiza a terapia tríplice”.

Transmissão

O HIV pode ser adquirido por meio de via sexual, sanguíneo ou da transmissão vertical. Em relações sexuais, o sexo anal receptivo apresenta maior risco, pois o revestimento do reto é fino. Mas, ainda assim, a prática insertiva também é perigosa, porque o vírus pode entrar através da abertura do pênis ou por pequenos cortes, abrasões ou feridas. Por isso, é importante o uso de preservativos, tanto masculino quanto feminino, em todas as relações.

A infectologista destaca que qualquer conduta que o indivíduo tenha e que o coloque em risco, existe a chance dele se contaminar com HIV e com outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). “Alguns comportamentos são de risco, por exemplo, trabalhadores do sexo, pessoas que possuem mais de um parceiro sexual e que não fazem o uso de preservativo, além de usuários de drogas, como cocaína inalada, com compartilhamento do canudo, o que pode gerar sangramento da mucosa nasal”.

Portador do HIV

Para Eumara, uma vez que o paciente tem carga viral indetectável, ou seja, menos de 50 cópias por ml de sangue, significa que a chance dele transmitir o vírus é nula. “Por isso, com tratamento adequado, é possível tem uma vida normal, porque ele não estará transmitindo o vírus e nem o HIV estará causando um dano em seu organismo”.

O cantor Leonardo Buenno, 29 anos, ex-participante do The Voice Brasil, revelou, em 2020, que contraiu HIV. Na época, ele disse que descobriu a doença em 2017, durante um teste de rotina. No mês que recebeu a notícia, Buenno começou o tratamento. Hoje, ele está casado com uma pessoa que não tem o vírus e a carga viral dele está indetectável.

O Brasil distribui gratuitamente, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), todos os medicamentos antirretrovirais. O governo garante também tratamento para todas as pessoas que vivem com HIV, independentemente da carga viral.