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Câncer infantil é a principal causa de óbito de crianças e adolescentes

Imagina ter que conviver com a possibilidade de seu filho morrer a qualquer momento. É assim que milhões de pais vivem no mundo, vendo suas crianças lutando contra o câncer. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), 32 milhões de pessoas são acometidas pela doença. Além disso, ela é uma das razões determinantes de causa de morte. No Brasil, os dados não são menos alarmantes: o câncer representa a principal causa de óbito (8% do total) entre crianças e adolescentes de 0 a 19 anos.

A OMS acredita também que até 2030 as ocorrências terão um aumento em torno de 50% (cerca de 22 milhões de novas pessoas com a doença). No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que ocorrerão cerca de 12.600 novos casos diagnósticos em crianças e adolescentes, sendo que as regiões Sudeste e Nordeste apresentarão os maiores números (6.050 e 2.750, respectivamente) seguidas pela Sul (1.320), Centro-Oeste (1.270) e Norte (1.210).

A oncologista pediatra Sabrina Eleuterio afirma que há uma certa dificuldade no diagnóstico do câncer infantil, pois os sintomas podem ser confundidos com outras doenças comuns da faixa etária. “Essa doença tem grande chance de cura, desde que seja diagnosticada precocemente e o tratamento feito em centros especializados. Quando isso acontece, 80% das crianças são curadas”.

De acordo com o INCA, os principais tipos da doença que afetam essa faixa etária são leucemias no sistema nervoso central e linfomas. Também acometem crianças e adolescentes o neuroblastoma (tumor de células do sistema nervoso periférico, frequentemente de localização abdominal), tumor de Wilms (tipo de tumor renal), retinoblastoma (afeta a retina, fundo do olho), tumor germinativo (das células que vão dar origem aos ovários ou aos testículos), osteossarcoma (tumor ósseo) e sarcomas (tumores de partes moles).

Sabrina explica que o tratamento do câncer infantil tem a mesma base de quando um adulto é diagnosticado com a doença, porém há algumas especificações que variam de acordo com cada caso. “Não tem como comparar a forma como o câncer atinge o corpo de uma pessoa mais velha com o de uma criança, porém para tentar combatê-lo é preciso de quimioterapia, radioterapia e cirurgia”.

Cura
A médica esclarece que, após o tratamento, é necessário acompanhamento durante 5 anos para ver se a doença volta ou não. “Depois desse período, a chance de reincidência do câncer é muito pequena  e, por isso, podemos dizer que aquela pessoa está curada. Mas é importante salientar que há possibilidades de ter alguma sequela decorrente do tratamento, entretanto, na maioria dos casos, a vida volta a sua normalidade”.

Lutando contra a doença
Kathelyn, 7 anos, está lutando contra a leucemia há 6 meses. A mãe da menina, Ilma Gonzaga, conta que a descoberta da doença não foi fácil. “No primeiro momento, os médicos acharam que ela tinha pneumonia. Fizeram o tratamento, mas a doença voltou e Kathelyn não conseguia andar mais. Após isso, tivemos que ir para Arcos para fazer mais exames e a minha filha começou a sentir muitas dores nos braços e pernas e os médicos de lá me mandaram para Belo Horizonte. Só aqui é que tivemos o diagnóstico definitivo de leucemia”.

Natural de Formiga, a doméstica conta que teve que largar o serviço para se mudar com a filha para a capital. “Agora o tratamento está na segunda fase, quando passa uma semana na Santa Casa e a outra na Fundação Sara. No começo foi muito difícil, tanto que ela se fechou e não queria conversar com ninguém, mas já está melhor e voltou a brincar como uma criança normal”.

Ilma acrescenta ainda que: “Quando falaram que Kathelyn tinha leucemia abriu um buraco negro embaixo de mim e eu só pensava que ela iria morrer. Só passa coisas ruins na cabeça. Os médicos e as psicólogas que me atenderam foram fundamentais para mudar minha mentalidade e, hoje, sei que minha filha vai sair vitoriosa dessa luta”.

Lado psicológico
Quando uma criança ou adolescente é diagnosticado com uma doença não é apenas ele que sofre, a sua família também adoece. E para não deixar que isso aconteça, o acompanhamento psicológico dos pais é importante. A psicóloga Evelyni Machado diz que nenhuma mãe ou pai está preparado para receber uma notícia como essa, mas que é necessário equilíbrio para lidar com a situação. “Essa preparação acontece ao longo do tratamento, pois o diagnóstico vem com uma grande carga de medo e insegurança. O câncer infantil sensibiliza mais, porque essa doença está ligada à morte e pensar que pessoas podem morrer tão novas não é fácil”.