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Aumento no preço dos insumos prejudica crescimento das pequenas empresas

Contratação de funcionários, burocracia e alta carga tributária são os principais desafios apontados pelos empresários / Foto: iStock

A pandemia de COVID-19 impactou negativamente a maioria dos negócios no Brasil. Agora, com o avanço da vacinação e retorno total das atividades, os micro e pequenos empreendedores enfrentam outro entrave para manter o estabelecimento funcionando. De acordo com levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), os principais desafios para o crescimento das empresas no mercado são o aumento dos preços e do custo da matéria-prima (38%), alto gasto para contratar funcionários (32%), excesso de burocracia (25%) e elevada carga tributária sobre as vendas (23%).

Na avaliação do economista Leandro Martins, o preço dos insumos e matérias-primas faz com que os pequenos empreendedores assumam mais custos para não repassarem ao consumidor. “Nos últimos anos, tivemos um acréscimo significativo nos itens essenciais para manter um negócio em operação, como as despesas com energia, água, luz, combustíveis e aluguel. Além disso, a escassez de mercadorias causou uma elevação nos valores, principalmente, as importadas e com a tarifa atrelada ao dólar. Esse impacto é sentido tanto pelas indústrias quanto micro e pequenas empresas. Muitas enfrentam dificuldades de precificação e para sustentar uma boa margem de lucro”.

O especialista ressalta ainda sobre o alto gasto na contratação de funcionários. “As obrigações vão muito além do pagamento de um salário. Existem os encargos, como contribuição Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), 13º salário e férias. Algumas companhias ainda fornecem seguro de vida, plano de saúde, vale-alimentação e transporte, o que deixa o custo final com o trabalhador ainda mais oneroso. É preciso analisar bem a necessidade de admissão ou demissão de um colaborador”.

O presidente da CNDL, José César da Costa, destaca o impacto do custo Brasil no desenvolvimento das empresas e na economia do país. “Não é à toa que, das quatro principais políticas públicas sugeridas pelos empresários entrevistados para auxiliar o pequeno e o microempresário em seus negócios, três sejam relacionadas ao ‘custo Brasil’: a redução da burocracia no pagamento de impostos (48%), a redução da carga tributária de novas empresas (42%) e a flexibilização das leis trabalhistas (32%). Apesar de termos tido alguns avanços, ainda é muito caro e burocrático manter uma empresa no país”, afirma.

O empreendedor Vinícius Campos é dono de um negócio de brindes personalizados e reclama do aumento no preço das matérias-primas. “Ficamos parados por pelo menos 4 meses durante o momento mais crítico da pandemia de COVID-19. Ainda estamos nos recuperando financeiramente. Os valores de alguns insumos, como o plástico, acrílico e tinta para impressão ficaram até 20% mais caros. Desde 2021 já tivemos que fazer reajustes duas vezes para não perder tanta margem de lucro. Outro problema é a falta de mercadoria, fazendo nosso prazo de entrega dobrar e chegar até 40 dias. Temos buscado outros fornecedores, mas a situação está ruim para todos”, relata.

Cortes no orçamento

O estudo aponta ainda que 4 em cada 10 micro e pequenos empresários (41%) tiveram que fazer cortes no orçamento, 25% ficaram muitos meses no vermelho, 22% diminuíram o mix de produtos e/ou serviços vendidos, sobretudo no comércio (28%), 14% possui dívidas em atraso e 10% estão negativadas.

Dificuldade de obter crédito

De acordo com a pesquisa, 45% dos micro e pequenos empresários consideram que é difícil ou muito difícil contratar crédito no Brasil, sendo a taxa de juros alta o principal motivo apontado (65%). Com juros mais altos, a maioria prefere evitar a tomada de crédito e 63% disseram que provavelmente e/ou com certeza não irão contratar crédito pelo menos nos próximos 3 meses. Entre os poucos que pretendem (11%), os principais destinos são: capital de giro (32%), reforma da empresa (28%), ampliação do negócio (27%), compra de equipamentos (25%) e de estoques e/ou insumos (23%).