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70 mil novos casos de tuberculose são diagnosticados todos os anos no Brasil

Ao perceber os primeiros sintomas é importante procurar ajuda médica/ Foto: Divulgação

 

Considerada o “mal do século XIX”, a tuberculose continua acometendo e fazendo vítimas. É a doença infecciosa que mais mata jovens e adultos, segundo o último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, cerca de 70 mil novos casos são notificados e ocorrem 4,5 mil mortes todos os anos. A patologia tem cura, mas se não for diagnosticada e tratada rapidamente pode levar à morte.

A infectologista Amanda Almeida explica que a tuberculose, normalmente, afeta os pulmões em 86% dos casos. “Esse é o tipo mais comum, mas ela também pode acometer outros órgãos do corpo como a bexiga, gânglios e ossos. É causada por uma bactéria chamada de Mycobacterium tuberculosis e conhecida como bacilo de Koch”.

Entre os principais sintomas estão tosse contínua por mais de três semanas, podendo expelir secreção com sangue, febre no final da tarde, perda de peso e sudorese noturna. “É preciso ficar atento ao início dos primeiros sinais e procurar ajuda médica o quanto antes para começar o tratamento”.

A doença é transmitida diretamente de pessoa para pessoa pelo ar. “Quando quem tem tuberculose espirra, tosse ou até mesmo fala, espalha pequenas gotas contaminadas. Elas são aspiradas por outro indivíduo que pode ser infectado. Não se transmite pelas roupas, talheres e copos”, esclarece Amanda.

A infectologista salienta que existem alguns fatores de risco que aumentam as chances de contaminação. “A tuberculose pode atingir qualquer pessoa, mas alguns grupos são mais propensos ao problema como quem possui doenças reumatológicas e câncer. Aqueles com estilo de vida com alcoolismo e higiene precária também são mais vulneráveis, bem como a população carcerária que convive em ambiente fechado”.

Atualmente, dois exames podem confirmar o diagnóstico da patologia. O primeiro é o do escarro, por meio da pesquisa de Bacilos Álcool-Ácido Resistentes (BAAR). O segundo é através de uma radiografia de tórax.

Amanda informa que a tuberculose tem cura. “Assim que a doença é diagnosticada é feito o isolamento da pessoa. Ela também passa a usar uma máscara para evitar o contágio. O tratamento dura, em média, 6 meses, mas pode se estender por um ano e meio em casos mais graves. Ele é feito à base de medicamentos e os pacientes que o seguem corretamente têm chance de cura de 96%”. Ela diz que a vacina BCG, aplicada no primeiro mês de vida, previne as formas mais graves da doença, mas não evita o contágio.

Curado

O analista financeiro, Carlos Fernandes teve tuberculose há cerca de 2 anos e meio. Casado e pai de duas filhas, ele relata que a pior parte da doença não são os sintomas, e sim ter que se afastar dos amigos e da família durante o tratamento. “Quando descobri foi um susto. Comecei com uma tosse seca e, como onde trabalho tem ar-condicionado, não dei muita importância. Tomava uma pastilha para aliviar. Só que alguns dias depois, surgiu uma febre estranha. E isso persistiu por duas semanas”, diz.

Ele conta que percebeu que algo estava errado. “Acordei para ir trabalhar e não parava de tossir, até que expeli uma secreção com um pouco de sangue. Procurei imediatamente o posto de saúde. Quando fui atendido relatei os sinais e o médico já tinha a suspeita. Fiz os exames e eles revelaram que eu estava de fato com tuberculose. A notícia mexeu comigo e eu só pensava na família e nas minhas filhas o tempo todo”.

Fernandes relembra que precisou ficar uma semana internado para dar início ao tratamento, controlar os sintomas e evitar a contaminação. “Essa foi uma das piores partes. Depois de uma semana, os sintomas já tinham melhorado bastante, a tosse havia parado e não tive mais febre. Meu tratamento durou 6 meses e ainda tive que fazer novos exames. Hoje, tenho uma vida normal”, conclui.