Segundo a Academia Sinobrasileira de Kung Fu, o povo chinês e seus aspectos culturais contam com aproximadamente 5 mil anos de existência. O professor da arte marcial, Danilo Cocenzo, diz que as técnicas são repassadas de acordo com o desenvolvimento de cada aluno, respeitando seus limites e o grau em que se encontra. “Dentro do Kung Fu não se espera que um praticante vá lutar imitando um louva-a- -deus ou um tigre. Os animais são usados, entre outros motivos, como referências de virtudes. Por exemplo, o estilo louva-a-deus requer o desenvolvimento de boa técnica e precisão, enquanto que o tigre demandará força e energia”.
Segundo Cocenzo, a arte marcial possui aprendizados morais que promovem valores comuns que transcendem a culturas e raças. “Na prática do Kung Fu essas regras têm como objetivo ajudar o praticante a alcançar os melhores resultados em todos os aspectos de sua vida. Dentro deste código existem 10 virtudes que todo aluno deveria desenvolver: humildade, lealdade, respeito, justiça, confiança, coragem, perseverança, paciência, determinação e força de vontade”.
Além dessa ética marcial, também é oferecido benefícios físicos e mentais. “Em termos físicos podemos citar a melhora do sistema imunológico, algo que foi bem exigido nos últimos anos, além de eliminação de gordura corporal, ganho de equilíbrio, força e fôlego. Olhando para as vantagens mentais, o praticante pode esperar uma melhora geral dos reflexos, além de controle de ansiedade e diminuição do estresse”.
Ele explica que o Kung Fu possui um diferencial único de ter a prática rotineira de armas. Em qualquer escola, o praticante terá a oportunidade de manusear bastões, lanças e espadas. “Ainda que esse método não tenha o objetivo de preparar alguém para lutar em uma guerra com essas ferramentas, elas oferecem um desafio extra que permite o desenvolvimento de uma consciência corporal sem igual. Além disso, o aspecto mental do Kung Fu ganha destaque na medida em que o aluno se mantém treinando. Como digo aos meus alunos: ‘mais importante do que saber dar um bom soco é saber por que dar o soco e além: como fazer para nunca ter que dar este soco’”.
O estudante Guilherme Mafra, praticante da luta há 6 anos, conta que tudo começou como uma distração e acabou virando paixão. “Para sair do sedentarismo e tentar melhorar minhas crises de ansiedade iniciei no Kung Fu, porque sabia que a modalidade também ajudava bastante mentalmente. Hoje, nem penso em sair, pois tive uma evolução no que se refere ao meu condicionamento físico e resistência, além disso, sinto que agora sou uma pessoa mais calma e que toma decisões mais sabiamente”.
O professor Reinaldo Santana também é adepto da modalidade e diz que resolveu aderir, pois estava passando muito estresse no trabalho e por curtir filmes de artes marciais. “Sempre gostei dos filmes do Bruce Lee e Jackie Chan, então o meu eu adolescente queria aprender os movimentos. E na fase adulta resolvi dar uma chance para o Kung Fu. Eu senti que precisava relaxar e também perder alguns quilos e, 6 meses depois, me sinto melhor fisicamente e mentalmente. Essas mudanças também repercutiram no meu ambiente de trabalho e no meu círculo social, uma vez que sou elogiado por minha paciência e calma”.
Benefícios comprovados
Segundo o artigo “Estudo sobre as mudanças de curvatura da coluna vertebral dos praticantes de Kung Fu”, publicado na Revista Brasileira de Medicina do Esporte (RBME), o exercício da luta tem um efeito significativo no tratamento da hérnia discal lombar, atendendo, efetivamente, à circulação interna e externa do sistema funcional corporal humano.
Ainda de acordo com a pesquisa, ao analisarem 85 pacientes com hérnia de disco lombar, divididos aleatoriamente em um grupo de controle e um grupo de Kung Fu, foi concluído que a modalidade é benéfica para o relaxamento dos músculos da cintura, aumento de força e alívio do tônus muscular.