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Política e economia

O momento é de debates eleitorais que, por razões compreensíveis, terminem por seduzir a atenção das pessoas. Em função desta realidade, até mesmo o tema Copa do Mundo, cujo certame acontecerá no final do ano, também fica relegado a um segundo plano nas prioridades da avaliação habitual do cidadão brasileiro.

Enquanto isso, a vida da classe média continua sucumbindo em meio a um número expressivo de problemas ocasionados pela falta de crescimento econômico, um desafio que envolve milhões de pessoas, inclusive com muitos deles em dificuldade de se alimentar com regularidade. Espera-se que o embate político não consiga dissimular a discussão relacionada à falta de expectativa da população.

Até porque, enquanto os candidatos à Presidência da República pedem votos e fazem promessas, existe uma legião de indivíduos à espera de uma vida mais digna. Basta verificar os números divulgados pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), afiançando que ainda perdura a dificuldade de investimentos do setor e geração de empregos, devido ao não crescimento econômico. Esse cenário tem relação com questões como a guerra entre Rússia e Ucrânia, além da pandemia da COVID-19.

As pesquisas indicam a existência de 33 milhões de moradores sem a menor segurança alimentar. Além dessa realidade, o mercado de trabalho não está sendo capaz de garantir uma vida digna para muitos e isso, inclusive, obriga 64% a cortar gastos desde o início do ano. E mais: 60% deles suspenderam o lazer, 58% deixaram de comprar roupas e sapatos e 57% abandonaram a possibilidade de viajar de férias.

Não se pode negar: a inflação tem corroído a renda da população, sem falar na taxa de desemprego elevada e juros altos. A consequência é que 44% dos entrevistados estão com dificuldade de pagar suas contas e, mesmo assim, quando quitam os seus débitos, ficam sem dinheiro para outros compromissos. Nesse panorama, apenas 29% conseguem gerenciar bem os seus rendimentos, enquanto 19% garantem deixar alguma conta sem pagar, devido à falta de recursos. Assim, muitos são forçados a recorrer a empréstimos nas instituições financeiras, sendo que 2% deles usam até mesmo cheque especial, ficando uma média de 1% com o uso de cartão de crédito.

Cerca de 25% dos avaliados na pesquisa afirmaram que diminuem ou deixam de comprar remédios e, o pior, 19% não pagam os seus planos de saúde. Para tentar saldar as obrigações, 16% venderam bens, 14% não tiveram como resolver o problema ou terminaram atrasando a quitação dos valores referentes aos seus aluguéis.

Esses são números reais e revelam um retrato da situação de milhões, todos eles ávidos por dias melhores. Espera-se que, os governantes, as lideranças empresariais e os representantes das instituições públicas consigam minimizar o debate ideológico, que hoje povoa a mente de muitos. O intuito é levar desenvolvimento econômico e social, gerar emprego e melhorar a vida de quem só pensa em trabalhar para proporcionar mais dignidade aos seus familiares.