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Demanda represada de festas de casamento deve movimentar R$ 40 bilhões em 2022

Alta procura e inflação podem fazer o valor da festa custar até o dobro de antes da pandemia | Foto: Divulgação

Os casais que tinham cerimônia e festa de casamento agendadas para 2020 e 2021 precisaram adiar o sonho por conta das restrições impostas pela COVID-19. Mas as celebrações estão voltando para alívio dos apaixonados e também dos empresários do ramo. De acordo com a Associação Brasileira de Eventos (Abrafesta), 40% dos matrimônios foram cancelados durante o período, 20% feitos em versões reduzidas e 40% reagendaram a data. Esse é um mercado que deve render cerca de R$ 40 bilhões, valor superior ao registrado em 2019.

Um levantamento realizado pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen) revelou que o número de casamentos deve ter crescimento de 47% neste primeiro semestre de 2022. Em números absolutos, são 624 mil matrimônios. Por conta da proibição de festas e eventos, muita gente adiou os planos, gerando um represamento de 160 mil enlaces em 2020 e outros 76 mil em 2021. No Brasil, são feitos 1 milhão de casamentos anualmente.

Festas mais caras

Este ano, com o arrefecimento da pandemia e uma demanda represada, fornecedores e cerimonialistas estimam que a procura por serviços referentes à festa triplicou. Por outro lado, juntamente com a escalada da inflação, os noivos estão gastando até o dobro do que planejavam. “Casar hoje está 30% a 40% mais caro que antes da pandemia. O item flores, por exemplo, teve um aumento que chega a 400%. Mesmo assim, ninguém está deixando de festejar. As celebrações estão sendo modificadas para caber no orçamento. A maioria delas deve acontecer até setembro e o restante até o fim do ano, mas com menos intensidade”, afirma Ricardo Dias, presidente da Abrafesta.

Ainda segundo Dias, além do reajuste dos preços, outro problema está fazendo o orçamento ficar caro. “A mão de obra está mais escassa. Quase 50% dos freelancers de eventos acabaram migrando para outras atividades durante a pandemia. Isso significa que temos um aquecimento bastante alto do setor e poucos profissionais para trabalhar”.

De acordo com o Casamentos.com.br, site que conecta fornecedores do setor aos noivos, cada festa tem um valor médio de R$ 40 mil no Brasil. Os vestidos de noiva custam cerca de R$ 4,9 mil. No entanto, os artigos que mais pesam no orçamento são buffet (R$ 10.700), aluguel do espaço (R$ 8.120) e lua de mel (R$ 6.880). Os preços variam de acordo com a região em que o casal decide fazer o evento e o tipo escolhido.

Eventos menores

Roberta Mendes é cerimonialista há mais de 10 anos e conta que algumas das alternativas sugeridas aos noivos é fazer um festa enxuta. “Durante o planejamento, os itens mais caros são decoração, em torno de 35% do orçamento com flores, móveis, convites e demais aparatos necessários. Outros 25% são destinados para alimentos e bebidas. E o preço de tudo teve reajuste nos últimos 2 anos, não sendo possível realizar em 2022 a mesma cerimônia que seria feita antes da pandemia”, diz.

Segundo Roberta, para não ter que desembolsar um valor a mais, a tática mais comum dos casais tem sido cortar convidados da lista. “A maioria dos eventos tiveram redução no número de pessoas de 100 para uma quantidade entre 40 e 60, mas mantendo a mesma qualidade. Isso envolve também a mudança do local da festa. Já alguns clientes preferiram tirar itens do buffet para deixar o custo mais barato. Com relação à decoração, a solução foi substituir as flores por outras de valor mais acessível”.

Gasto de R$ 6 mil a mais

Depois de ter que remarcar a data do casamento por duas vezes, a publicitária Fernanda Oliveira e o bancário Aloísio Pereira conseguiram finalmente se casar em março deste ano. “Começamos a nos organizar em 2018 e a festa estava marcada para setembro de 2020, mas a pandemia frustrou nossos planos. Os fornecedores foram bem atenciosos e entenderam a situação, mas, após tanto tempo da data original, não seria possível manter os mesmos preços praticados à época. Para não precisar cortar nada, tivemos que pagar R$ 6 mil a mais do que estava previsto”, explica Fernanda.

Ela conta que cogitou alterar o local da cerimônia. “Este é um dos itens de maior valor que pagamos e ainda foi reajustado em 10%. Queríamos trocar por um espaço mais em conta, mas haveria multa e decidimos arcar com o aumento e não ter mais problema. A espera pelo grande dia foi mais longa, porém, valeu muito à pena e foi uma emoção única poder reunir os parentes e amigos que não víamos há muito tempo”, finaliza.