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ISTs: diagnósticos de sífilis totalizam 360 mil casos em 2 anos no Brasil

País acumulou mais de 360 mil casos de sífilis entre janeiro de 2018 e junho de 2020 | Foto: Pixabay

A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgada em 2021, apontou que cerca de 1 milhão de pessoas afirmaram ter tido diagnóstico médico de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) ao longo de 12 meses, o que corresponde a 0,6% da população com 18 anos ou mais.

O levantamento foi realizado em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde. E entre os indivíduos que tiveram relação sexual no ano anterior à data da entrevista, apenas 22,8% (26,6 milhões de pessoas) usaram preservativo em todas as relações sexuais. Ao menos 17,1% disseram usar às vezes, e 59% em nenhuma ocasião.

As ISTs são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos que são sexualmente transmissíveis, dentre elas a herpes genital, sífilis, gonorreia, HPV, HIV, clamídia, triconomíase, além das hepatites virais B e C, podendo, dependendo da doença, evoluir para graves complicações. Ainda segundo o Ministério da Saúde, entre janeiro e junho de 2020, foram 49 mil ocorrências de sífilis, transmitida, principalmente, por meio do contato sexual sem o uso de preservativo. De 2010 a 2020, o Brasil registrou 783 mil casos da doença, que segue crescendo de forma expressiva, de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

A patologia atinge, principalmente, a população masculina, que representa 59,8% dos casos. As mulheres, por sua vez, somam 40,2%, mas merecem uma atenção especial, já que muitas revelam sintomas durante a gestação, aumentando o risco de contaminação de recém-nascidos.

De acordo com os últimos dados disponíveis, o Brasil acumulou mais de 360 mil casos de sífilis entre janeiro de 2018 e junho de 2020, porém segundo a SBD, em decorrência do isolamento social imposto pela pandemia de COVID-19, pacientes infectados com a doença deixaram de procurar os serviços de saúde ao manifestarem sintomas, o que pode ter causado subnotificações.

Segundo a infectologista Ana Carolina Andrade, a realização de testes é importante para o controle das ISTs, inclusive para casais. “É frequente a contaminação de indivíduos com relações estáveis, muitas vezes em regime de conjugalidade. Quanto às mulheres, a maioria tem se contaminado por intermédio do parceiro. Por isso, os exames pré-nupciais são essenciais tanto para descobrir infecções como também para avaliar distúrbios que podem causar infertilidade”.

Ana Carolina aconselha ainda que os exames para detectar as infecções devem ser feitos pelo menos uma vez por ano e sempre que houver exposição a alguma situação de risco.

O consultor comercial C.O.S*. percebeu que havia contraído sífilis após surgirem feridas em seu pênis. “Eu estava num relacionamento há 2 meses e acabamos terminando após o diagnóstico. Mas, sendo bem honesto, não sei se foi na relação com ele ou algum sexo casual anterior, quando ainda estava solteiro. Assim que descobri, procurei um médico e tomei o medicamento que, no meu caso, foi uma dose dupla de benzetacil, dadas juntas no mesmo dia. Após esse procedimento, melhorei”.

Para a prevenção, a infectologista alerta que a maneira mais eficaz é o uso adequado de preservativo. “Lembrando que o sexo oral também pode ser responsável pela transmissão de doenças. Dessa forma, a camisinha deve ser utilizada em todas as relações sexuais, sejam orais, anais ou vaginais”.

*A pedido do entrevistado, o seu nome foi preservado.