É nítida a preocupação de autoridades no que diz respeito à defesa da democracia no Brasil. E não poderia ser diferente, afinal, quem viveu os horrores do regime militar sabe que se tratou de uma administração na qual a palavra de um único dirigente reverberava em todo o país.
Atualmente, algumas personalidades negam essa realidade. Porém, não é lícito dizer o contrário: houve sim governos ditadores, pois os presidentes eram escolhidos por meio de um colégio eleitoral engendrado para garantir as posses dos sucessivos mandatários.
Uma das fórmulas encontradas para a perpetuação no poder foi baixar um ato institucional permitindo, além de dois senadores por cada unidade estadual, cujos ocupantes dos cargos eram eleitos democraticamente pelo voto universal, a implementação da figura do senador biônico nomeado pelo Congresso para reforçar o colégio eleitoral, responsável pela eleição indireta do chefe da nação.
Contudo, a inquietação social foi enorme para reverter esse quadro político que iniciaram as “condenações” em praça pública da figura do senador biônico. A partir disso, a sociedade organizada pressionou e ocorreu uma mudança com o advento da Constituição de 1988, onde a representação de cada estado, junto ao Senado, ficou com três parlamentares, sendo todos escolhidos pelo povo.
Semana passada, o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD), assinou artigo no Edição do Brasil destacando a importância de cada cidadão atuar firme para evitar o que ele denominou de “erosão da democracia” e, assim, garantir que não haverá retrocesso civilizatório em nossa nação.
O caminho oposto leva ao autoritarismo, à restrição da liberdade e à aniquilação de direitos. Sobre isso, Pacheco disse que o país é uma democracia jovem, mas que já mostra sua resiliência e força. “Vamos confiar na legitimidade dos poderes que atuam dentro de suas funções de forma independente e como está previsto na Constituição. É necessário respeitar as relações harmônicas entre as instituições e priorizar o diálogo”.
Ao que tudo indica não é apenas Pacheco que está preocupado com as manifestações contra o projeto eleitoral deste ano. O brasileiro deve se lembrar da recente frase do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, que ao defender as urnas eletrônicas, ressaltou: “Quem vai resolver os problemas das eleições deste ano são as Forças Desarmadas”.
Desse modo, é óbvio que o cidadão jamais assistiu a um debate tão acalorado como o de agora, onde a ideologia política é levada ao altar de todas as discussões, especialmente nas redes sociais. Esse radicalismo nunca pareceu ser um bom caminho para quem tem a pretensão de conquistar o poder tão somente pelo voto universal.
As regras do jogo eleitoral estão traçadas pelas leis e cabe a todos os candidatos, sem exceção, respeitarem as normas preestabelecidas que fazem do Brasil uma gigantesca democracia.